Alegada violência doméstica por deputado: BE quebra o silêncio e diz que “recurso à justiça é a forma de apurar factos”

A troca de acusações entre Catarina Alves e Luís Monteiro aconteceu ao final desta terça-feira. Depois de a ex-namorada do deputado o ter acusado de violência doméstica física, o bloquista negou as acusações e afirma que a vítima de violência verbal terá sido ele. Ao PÚBLICO, fonte do Bloco de Esquerda diz que Luís Monteiro se manterá como deputado no Parlamento e como candidato autárquico.

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Luís Monteiro, de camisa aos quadrados, numa acção do BE Pedro Fazeres

O Bloco de Esquerda quebrou o silêncio sobre a acusação de violência doméstica feita esta terça-feira por Catarina Alves ao deputado do Bloco de Esquerda Luís Monteiro. A ex-namorada de Luís Monteiro acusou o parlamentar de a ter agredido, repetidamente, durante a relação, em 2015. Horas depois, o deputado do Bloco e candidato autárquico à Câmara de Gaia rejeitou as acusações, devolvendo-as à alegada vítima. Esta tarde, numa nota enviada ao PÚBLICO por fonte do BE, o partido afirma que “mantém a mesma posição em todas as circunstâncias”. Ou seja, “a violência é inaceitável, as vítimas devem ser protegidas e o recurso à justiça é a forma de apurar factos e punir abusos”.

Apesar de a nota não citar sequer o nome do deputado ou falar em confiança política, ao PÚBLICO, fonte do BE adianta que Luís Monteiro se manterá como deputado na Assembleia da República e como candidato às próximas eleições autárquicas. 

A acusação de violência doméstica começou com uma denúncia no Twitter, ao início da noite desta terça-feira. “Andei a proteger o meu agressor para não perder amigos. Que grande burra. Homens ficam do lado de homens sempre”, lê-se na publicação feita pela alegada vítima e ex-namorada do deputado. Nas publicações seguintes, Catarina Alves diz ter sido descredibilizada no passado. “Não acho que seja possível inventarem mais rumores ou insultos do que os que já criaram naquele nucleozinho”, completou, antes de dar detalhes sobre a agressão física de que terá sido vítima, enquanto era também militante do Bloco.

“As lágrimas são só por não ter entrado na esquadra no dia em que fiquei à frente dela com o corpo marcado de cima a baixo, acabada de escapar duma quase morte”, escreve.

Ao PÚBLICO, Catarina Alves contou que a relação “começou a ficar violenta ainda antes do Verão” de 2015, antes da eleição de Luís Monteiro à Assembleia da República. A ex-namorada do deputado afirmou ainda que “não foi um episódio isolado”, ainda que destaque um episódio especialmente violento.

“Tivemos uma discussão a caminho de casa dele, que se tornou violenta a partir do momento em que chegamos lá. O Luís deu-me pontapés no corpo todo, cuspiu-me, arrastou-me pelos cabelos, deu-me estalos e perseguiu-me pela casa. Não sei quanto tempo isto durou, pareceu-me uma hora ou mais, mas foi provavelmente muito mais breve. Terminou quando ele agarrou numa estatueta, quando eu estava caída no chão, e a apontou à minha cabeça. Foi só aí que percebi que o perigo em que estava era real. E foi também aí que ele percebeu o que estava a fazer e parou”, detalhou.

Questionado pelo PÚBLICO, Luís Monteiro esclareceu através de uma nota (que partilhou também nas suas redes sociais) que tem sido “reiteradamente confrontado com insinuações, que entretanto oscilam com acusações” e que o desenham como agressor. O deputado diz ter hesitado em reagir às “insinuações”, ainda que tenha tido “vontade e necessidade de as esclarecer”.

O bloquista garante nunca ter agredido a alegada vítima (ou qualquer outra). “Nunca agredi a mulher que diz ter sido agredida por mim. Esta costuma ser a primeira frase que os agressores usam. Vou ignorar tal facto e dizer a verdade. Nunca agredi a mulher em causa, que foi minha namorada de Fevereiro a Outubro de 2015, e nunca agredi qualquer mulher. Condeno qualquer acto de violência mas sobretudo este tipo de violência”, lê-se no comunicado.

Depois, Luís Monteiro prossegue para dizer que foi ele a vítima das agressões. “Nos meses em que tive esta relação, fui vítima de agressões sucessivas, violência verbal, ameaças e fui sujeito a um processo do qual não saí ileso”, escreve.

Actualmente com 28 anos, Luís Monteiro foi eleito em Outubro de 2015 (com 22 anos), tornando-se o deputado mais jovem daquela legislatura. À data, Luís Monteiro foi apresentado como o “Pablo Iglesias do Porto” e o “benjamim” do Parlamento.

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