Ministro das Finanças da Colômbia demite-se após vários dias de protestos violentos

Colombianos saem à rua há vários dias consecutivos, em protesto contra a reforma fiscal apresentada por Alberto Carrasquilla. Já morreram pelo menos 19 pessoas.

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Protestos em Cali Reuters

Alberto Carrasquilla, ministro das Finanças da Colômbia, demitiu-se do cargo na segunda-feira, dizendo que a sua continuidade no Governo “dificultaria a construção rápida e eficiente dos consensos necessários”, após vários dias consecutivos de protestos violentos no país contra a reforma fiscal apresentada pela Administração Duque.

Carrasquilla reuniu-se no Palácio de Nariño com o Presidente Iván Duque, que aceitou a sua demissão, e a que lhe agradeceu “a honra de ter podido nomeá-lo” ministro, refere o comunicado do Ministério das Finanças.

O comunicado também sublinha que Carrasquilla disse ao Presidente que “a retirada da proposta que ele apresentou no Congresso da República (a lei fiscal) é uma oportunidade para reiniciar e permitir um diálogo sereno e construtivo que precipite os consensos que o país necessita com urgência”.

Neste contexto de escalada da tensão social – com as ruas das cidades colombianas cheias desde a semana passada de manifestações contra a proposta, o agora ex-responsável pelas Finanças lamentou o facto de “a sua continuidade no Governo dificultar” a busca desses consensos.

A demissão de Carrasquilla acontece depois de Duque ter recuado na proposta legislativa e já era expectável, uma vez que se tratava do grande projecto político do ministro.

“Por um lado, é indispensável que se dê continuidade aos programas de protecção social e económica que começaram a expirar no final de Março. Por outro, face à ausência de uma reforma gradual e ordenada da tributação, a estabilidade macroeconómica do país vê-se seriamente comprometida”, alertou Carrasquilla, no seu comunicado de demissão.

Duque nomeou José Manuel Restrepo, que estava à frente do Ministério do Comércio, como novo responsável pelas Finanças. “Economista, com mestrado em Economia pela London School of Economics, doutorado em Administração pela Universidade de Bath, ex-director da Universidade do Rosario, e com enorme vocação de serviço ao país”, descreveu-o desta forma.

Segunda-feira foi o sexto dia consecutivo de protestos e manifestações em todo o país, em cidades como Bogotá, Medellín, Cúcuta, Cartagena, Duitama, Montería, Barranquilla, Ibagué ou Cali.

O último balanço da Defensoría del Pueblo informa que já morreram 19 civis desde quinta-feira, no âmbito da violência que se seguiu aos protestos em algumas destas cidades.

Apesar da retirada do projecto de lei sobre a reforma tributária, e da demissão do responsável pelas Finanças, o Comité Nacional da Greve convocou nova jornada de protestos para quinta-feira.

Em comunicado, pede “de novo a toda cidadania para manter e incrementar as acções de greve nacional, e para realizar no próximo dia 5 de Maio uma grande mobilização democrática, pacífica e civilizada, no estrito cumprimento das normas de biossegurança”.

Para além disso, as organizações estudantis e os sindicatos que fazem parte do Comité pedem às autoridades para “desmilitarizarem as cidades”. 

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