Billie Eilish: “Mostrar o corpo — ou não mostrar — não devia retirar qualquer credibilidade”

A cantora é capa da revista Vogue britânica, onde surge com um visual transformado — o cabelo verde e preto é agora de um loiro platinado e as roupas largas deram lugar a um corpete justo.

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A mudança de Billie Eilish coincide com o lançamento do novo single, Your Power, que fala da forma como as raparigas menores podem ser manipuladas pelos seus abusadores INSTAGRAM/britishvogue

Billie Eilish volta a ser notícia pelo seu corpo e por criticar os padrões de beleza. A jovem cantora que, ao longo dos últimos anos, tem sido constantemente criticada pelas escolhas de indumentária, é a capa da revista Vogue britânica, onde surge, precisamente, num corpete justo e com uma imagem renovada. Nas redes sociais, gerou-se um debate por Billie Eilish estar a promover a sexualização da mulher — que veemente tem refutado — com esta capa. Os fãs da cantora saíram, rapidamente, em sua defesa, e celebram a sua coragem.

Na capa da revista Vogue, divulgada esta segunda-feira, Billie Eilish surge com um novo visual — o cabelo verde e preto é agora de um loiro platinado e as roupas largas deram lugar a um corpete Gucci, com lingerie e umas luvas de látex. A mudança coincide com o lançamento do seu single, Your Power, que fala da forma como as raparigas menores podem ser manipuladas pelos seus abusadores.

Billie Eilish era ainda menor quando começou a ser notícia pela forma como se vestia, com roupas largas. Era acusada de querer esconder o seu corpo, por ter vergonha de o mostrar. Anteriormente, segundo a BBC, a cantora de 19 anos declarou que as suas escolhas de vestuário se justificavam por não querer que a sua imagem fosse sexualizada. Num concerto, no início de 2020, Eilish transmitiu uma mensagem sobre o body shaming, a vergonha que tantas raparigas e mulheres sentem porque o seu corpo não corresponde às normas definidas pela sociedade, ao despir-se.

Na entrevista à revista Vogue, a cantora falou sobre body shaming e previa já as críticas de que seria alvo, após esta mudança de imagem e a escolha de indumentária para a produção da capa. “De repente, és uma hipócrita se quiseres mostrar alguma pele, és fácil e uma prostituta. Se sou, estou orgulhosa disso”, sublinhou Billie Eilish. A jovem disse ser preciso mudar o discurso e empoderar essa escolha: “Mostrar o corpo e mostrar a pele — ou não mostrar — não devia retirar qualquer credibilidade.”

Os fãs de Eilish reagiram de imediato à capa da revista, elogiando a cantora pela confiança no seu corpo, e por não sucumbir às críticas que sofreu quando era ainda menor de idade. “Billie Eilish foi sexualizada e demonizada sobre a sua aparência quando era ainda menor. Por isso, esta entrevista agora é uma mensagem importante, que devíamos ouvir”, escreveu uma fã no Twitter. Outra utilizadora daquela rede social pede que se normalize o facto de as mulheres serem sexuais: “As mulheres são sexuais. Às vezes, intensamente sexuais. Muitas adoram projectar a sua sexualidade e desejo sexual através da roupa e maquilhagem. Isso não tem mal nenhum. É de valorizar e psicologicamente saudável.”

Há quem critique a cantora por mostrar agora demasiada pele e objectificar sexualmente a sua imagem, mas os fãs pedem que se leia a entrevista dada por Billie Eilish, e não se julgue “o livro” — ou neste caso, a revista — “pela capa”. “Se és a favor da aceitação corporal, por que usarias um corpete? Por que não mostrar o teu corpo como é? Eu posso fazer o que quiser. Se quiseres fazer uma cirurgia plástica, vai fazer a cirurgia. Se quiseres usar um vestido que alguém diz que pareces demasiado volumosa a usá-lo, que se lixe — se achas que pareces bem, pareces bem”, incentivou Billie Eilish.

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