Santa Clara engana-se na baliza e salva um Benfica cinzento

A equipa lisboeta, que, a jogar em casa, rematou menos do que o adversário, cumpriu o objectivo mínimo mas continua muito longe de convencer.

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Reuters/PEDRO NUNES
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LUSA/MIGUEL A. LOPES
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Jorge Jesus crê que, sem o surto de covid-19, o Benfica estaria a discutir o título nacional, mas a equipa teima em desmentir o técnico – pelo menos, no capítulo exibicional. O Benfica venceu o Santa Clara na Luz, por 2-1, em jogo da jornada 29 da I Liga, mas a exibição, nesta segunda-feira, esteve longe de convencer e os “encarnados” poderiam ter deixado pontos para trás não tivesse sido um autogolo dos açorianos na primeira parte.

Se jogos houve em que a muita criação não teve finalização a preceito, desta feita houve finalização eficaz sem praticamente haver criação. Num jogo cinzento, a equipa lisboeta, que, a jogar em casa, rematou menos do que o adversário, aproximou-se à condição do FC Porto (63 pontos, contra 66 dos portistas) na luta pelo segundo lugar, objectivo que Jorge Jesus já assumiu como inevitável, de tão quimérico é sonhar com o título nacional.

A primeira parte, quase sempre lenta e sem brilho, pode ser definida por este facto: o Benfica foi para o intervalo a ganhar sem ter feito um único remate à baliza – beneficiou de um autogolo.

A equipa de São Miguel, que segue em sétimo lugar, em luta europeia, surgiu na Luz com a ideia de, sem bola, fazer “espelho” do 3x4x3 do Benfica, criando referências individuais de marcação. Foi por essa via que a construção do Benfica, sempre feita a três, ficou algo “empenada” pela pressão também a três feita pelos açorianos.

É certo que houve um remate perigoso de Pizzi, aos 11’, e um de Carlos Jr, aos 18’, mas o jogo esteve quase sempre limitado pelas marcações quase individuais em todo o campo.

Como contrariar uma estratégia defensiva deste tipo? Com rasgo no um contra um ou com mudanças posicionais dos jogadores. Foi isso que faltou sem Taarabt e Waldschmidt – muito o Benfica daria para ter o “açoriano” Morita no meio-campo – e sem rasgo com bola de Veríssimo e Vertonghen, sempre presos.

A lógica só foi contrariada uma vez: aos 24’, Everton saiu da sua zona, a meia-esquerda, e pediu a bola na direita, tirando referências aos adversários. Rasgou individualmente, cruzou e Carlos Jr. Correspondeu com um cabeceamento forte e colocado… na própria baliza.

Descontando este lance, o Benfica praticamente só criou perigo aos 29’, quando Diogo Gonçalves cruzou e Seferovic fez o que era mais difícil: não acertar num rectângulo de 7,32m por 2,44m. A situação era flagrante, sem marcação e a poucos metros da baliza.

Santa Clara cresceu

Do lado contrário, o Santa Clara, que já tinha sido rematador na primeira parte, ia beneficiando de cada vez mais espaço para transições, quase sempre mal definidas: ora com problemas no último passe, ora com remates tortos ou fracos – e foram vários, sobretudo por Allano, sempre o mais inconformado, mas também o mais desastrado.

Havia, ainda assim, muita presença micaelense na frente, só traída pela falta de engenho na finalização. Perigo real só mesmo aos 59’, quando Helton Leite foi obrigado a uma grande defesa num livre.

O Benfica “colocava-se a jeito” e, houvesse mais talento a finalizar, adivinhava-se o golo açoriano. Foi assim aos 63’, quando uma perda de bola de Otamendi permitiu a Crysan cruzar para Anderson Carvalho finalizar na passada, à entrada da área.

Aos 73’ houve três notícias: uma é que o Benfica rematou (ainda não o tinha feito na segunda parte), outra que acertou na baliza adversária (ainda não o tinha feito no jogo todo) e a terceira é que marcou golo.

Se jogos houve em que a criação não teve finalização, desta feita houve finalização sem praticamente haver criação.

Rafa deixou Allano para trás e o brasileiro, ficando para trás, agarrado à barriga, desequilibrou a equipa. Aproveitou Diogo Gonçalves (quinta assistência para golo no campeonato), que cruzou para um remate de Chiquinho, à entrada da área.

É difícil falar de justiça quando o Santa Clara rematou bem mais do que o Benfica, quer globalmente quer à baliza, e esteve sempre mais enérgico e entregue ao jogo. Mas o maior mérito ainda é o de quem melhor finaliza. Nesse domínio, faltaram “matadores” aos açorianos.

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