Galáxia anã colidirá com a Via Láctea dentro de 2000 milhões de anos

A investigação baseia-se em dados da missão europeia Gaia, que visa mapear tridimensionalmente a Via Láctea.

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Novo mapa panorâmico dos confins da Via Láctea NASA/JPL-Caltech/NSF/R.Hurt

Um novo mapa panorâmico dos confins da Via Láctea revelou um rasto de estrelas deixado por uma galáxia anã que irá colidir com a Via Láctea dentro de 2000 milhões de anos, estimam cientistas num estudo publicado esta semana.

A investigação, publicada na revista científica Nature e que lança novas pistas para o estudo da matéria escura do Universo, a matéria que não é visível, baseia-se em dados da missão europeia Gaia, que visa mapear tridimensionalmente a Via Láctea, e do telescópio espacial norte-americano Neowise.

Trabalhos anteriores tinham sugerido a presença deste rasto de estrelas na região mais externa da Via Láctea, conhecida como halo galáctico e escassamente povoada por estrelas. Agora, segundo o artigo da Nature, esse rasto estelar foi confirmado através de um novo mapa que apresenta uma visão detalhada da sua forma, tamanho e localização.

De acordo com a equipa de astrónomos que conduziu a investigação no Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, nos Estados Unidos, a galáxia anã Grande Nuvem de Magalhães “navegou através do halo galáctico da Via Láctea como um barco na água, criando um rasto de estrelas atrás dela”. Para os autores do trabalho, esta perturbação no halo galáctico permite estudar a matéria escura, cuja presença é inferida a partir dos efeitos gravitacionais sobre a matéria visível, como estrelas e galáxias.

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Imagens da Via Láctea e da Grande Nuvem de Magalhães sobrepostas num mapa do halo galáctico circundante NASA/JPL-Caltech/NSF/R.Hurt

Segundo os astrónomos do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, a passagem da Grande Nuvem de Magalhães pelo halo galáctico da Via Láctea, que se considera ter matéria escura, deverá igualmente deixar um rasto dessa matéria invisível.

A equipa defende que a interacção entre a matéria escura e a Grande Nuvem de Magalhães terá implicações na Via Láctea: a órbita daquela galáxia anã será cada vez mais pequena ao ponto de a galáxia colidir com a Via Láctea dentro de um período estimado de 2000 milhões de anos.

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