Fernando Medina sobre a Operação Marquês: actos de Sócrates “corroem o funcionamento da vida democrática”

Autarca de Lisboa e secretário de Estado nos dois governos de Sócrates lamenta que haja “um rompimento dos laços de confiança” entre os eleitores e os eleitos pelo facto de um primeiro-ministro em funções ter recebido “avultadas quantias financeiras sem justificação”.

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Fernando Medina contrariou o silêncio do Partido Socialista FRANCISCO ROMAO PEREIRA

Fernando Medina afirmou nesta terça-feira que as acusações que recaem sobre José Sócrates de recebimento de “avultadas quantias financeiras” sem justificação são um elemento da Operação Marquês que provocam um “rompimento de laços de confiança” e marcam “de forma profundamente negativa o sentimento de bem-estar e confiança na sociedade portuguesa”.

No seu espaço de comentário semanal na TVI24, o presidente da Câmara de Lisboa não ficou em silêncio, ao contrário do que se tem verificado desde sexta-feira no seio do Partido Socialista (PS), e lançou duras críticas ao comportamento do ex-primeiro-ministro, que "corrói o funcionamento da vida democrática”.

Sem querer antecipar o desfecho do processo, Medina lamenta que haja “um rompimento de laços de confiança” pelo facto de José Sócrates ter recebido “avultadas quantias financeiras” sem justificação, enquanto primeiro-ministro, e que afinal “não resultavam de fortuna pessoal ou familiar”. “É algo que marca de forma profundamente negativa o sentimento de bem-estar e confiança na sociedade portuguesa.”

Fernando Medina foi secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional no primeiro mandato de José Sócrates como primeiro-ministro e secretário de Estado da Indústria e Desenvolvimento no segundo Governo socrático.

Realçando que é “a primeira vez na nossa história conhecida que teremos em julgamento, por um crime no exercício de funções, um ex-primeiro-ministro”, o autarca de Lisboa considera que o facto de José Sócrates ir a julgamento por seis crimes de branqueamento e falsificação de documento é o “mais marcante e significativo” dos desenvolvimentos de sexta-feira, “independentemente das narrativas que qualquer protagonista queira colocar sobre a história”. Até porque os crimes em causa têm uma moldura penal “significativa”, que poderão resultar numa pena de mais de dez anos.

“É o facto mais importante e fundador de um profundo sentimento de desconfiança na sociedade portuguesa na relação entre eleitores e eleitos. Alguém que exerce as funções de primeiro-ministro – ou outro eleito – tem uma suprema responsabilidade. Porque tem também um supremo privilégio: é depositário da esperança e do privilégio de um país, neste caso do primeiro-ministro.”

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