Portugal pode chegar à zona de risco em duas semanas. O que está em causa?

O país poderá ultrapassar os 120 casos por 100 mil habitantes nas próximas duas semanas, o limite traçado pelas autoridades de saúde, chegando à zona de risco da matriz do desconfinamento, indicam as previsões do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.

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Adriano Miranda

O país poderá ultrapassar os 120 casos por 100 mil habitantes nas próximas duas semanas, algo que empurraria Portugal para a zona de risco da matriz do desconfinamento, indicam as previsões de Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. Este é um dos indicadores de risco definidos pelo Governo para assegurar a segurança na reabertura de negócios e outras actividades. 

Na manhã desta terça-feira, na reunião de peritos que se realiza no Infarmed, o especialista fez uma avaliação regional deste indicador, que deve ficar abaixo dos 120 casos por 100 mil habitantes, o limite traçado pelas autoridades de saúde.

“No país, com este nível de crescimento e taxa próxima de 71 casos por 100 mil habitantes, o tempo para chegar à linha dos 120 está entre duas semanas e um mês. Este mesmo valor pode ser observado na região Norte e no Alentejo, que estão identificadas com uma velocidade de crescimento e taxa de incidência que levarão entre duas semanas e um mês [a atingir] os 120 casos por 100 mil habitantes. A região do Algarve já atingiu esse valor e as regiões da Madeira e Açores também”, resumiu Baltazar Nunes.

O investigador revelou ainda que o índice de transmissibilidade da covid-19 tem registado um “aumento sistemático” nas últimas semanas, sendo este indicador um dos que terão impacto no avanço, paralisação ou reversão das medidas de desconfinamento.

“Actualmente, o valor do R(t) para a média dos últimos cinco dias corresponde a 1,05. Como nota [de comparação], na última reunião do Infarmed, estava em 0,89 e, se olharmos para o último dia em que temos dados, dia 8 de Abril, o R está em 1,09”, explica Baltazar Nunes. O especialista aponta uma “inversão da tendência”, com o aumento dos novos casos de infecção nas últimas semanas.

O que acontece se Portugal chegar à zona de risco?

Quando o primeiro-ministro anunciou, em Março, ao país o plano de desconfinamento para os meses seguintes, alertou prontamente os portugueses de que se fossem cruzadas “áreas vermelhas”, a reabertura de lojas, escolas e restaurantes poderia voltar atrás. Ou seja, apenas se Portugal mantiver um controlo efectivo da pandemia se poderá avançar de uma fase de desconfinamento para a seguinte.

A matriz de risco combina dois indicadores: a média de novos casos a 14 dias, que não deverá ultrapassar os 120 novos casos por 100 mil habitantes, e o índice de transmissibilidade do vírus, o R(t), que idealmente não deverá ultrapassar o um.

Segundo revelou António Costa, a entrada na “zona vermelha” da matriz de risco poderá levar a um novo encerramento de estabelecimentos e a um regresso às medidas restritivas. “Se chegarmos à zona vermelha, temos de voltar para trás”, resumiu.

Caso o Governo não puxe o “travão de mão” do desconfinamento, a próxima fase, que se prevê que terá início a 19 de Abril, inclui a reabertura do ensino secundário e ensino superior, dos cinemas, teatros, auditórios e salas de espectáculos, das Lojas de Cidadão com atendimento presencial por marcação, de todas as lojas e centros comerciais, dos restaurantes, cafés e pastelarias (máximo de quatro pessoas ou seis em esplanada) até às 22h ou 13h ao fim-de-semana e feriados, passando também a ser permitidas modalidades desportivas de médio risco, actividade física ao ar livre até seis pessoas, eventos exteriores com diminuição de lotação e casamentos e baptizados com 25% de lotação.

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