Laboratório suspenso em Madrid depois de vídeo mostrar maus tratos a animais

Os investigadores, alegadamente, batiam em macacos, porcos e cães, denunciam as imagens captadas por um antigo funcionário e divulgadas pela Cruelty Free International. Uma petição que pede o encerramento do laboratório reuniu mais de 200 mil assinaturas.

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Cruelty Free International

Um laboratório em Madrid, Espanha, está suspenso e a ser investigado por alegados maus tratos a animais, depois de uma inspecção confirmar as suspeitas de abuso filmadas por um antigo funcionário, confirma Antonio Vercher, o procurador espanhol da área do ambiente, em comunicado.

O vídeo divulgado pela Cruelty Free International ​revela actos “deliberados de crueldade gratuita para com os animais”, descreve a organização. As imagens, captadas entre 2018 e 2020, mostram investigadores a baterem em macacos, porcos e cães, a infligirem stress e lesões desnecessárias” em coelhos e a matarem animais sem sedação adequada, o que representa “uma infracção muito grave aos regulamentos que regem a utilização de animais experimentais no laboratório de ensaios clínicos” em Espanha e na União Europeia, lê-se num comunicado do governo regional madrileno, citado pelo El País

Segundo o site da empresa, que estará “em manutenção”, a Vivotecnia é uma organização europeia independente que faz investigação por contrato e realiza testes de segurança e toxicidade a produtos farmacêuticos e materiais médicos, biocidas e produtos para as indústrias da cosmética e da agro-química. ​Neste caso, diz a organização por detrás da denúncia, os testes de toxicidade envolvem a administração de substâncias em animais para perceber qual é a dose de uma substância química ou fármaco que poderá causar danos graves, numa tentativa de chegar a uma dose “segura” para seres humanos.​

Uma petição a exigir o encerramento das instalações em Madrid e a revogação da autorização de testagem em animais reuniu quase 250 mil assinaturas, desde quinta-feira, 8 de Abril.

A Associação Europeia de Investigação em Animais (EARA) reconheceu que, “embora as imagens tenham sido editadas”, “o que foi mostrado até agora revela exemplos de normas inaceitáveis de bem-estar animal aplicadas a várias espécies animais diferentes”, lê-se, num comunicado oficial.

Segundo a última actualização da Cruelty Free International, está a ser discutido, em conjunto com as autoridades de Madrid, o realojamento dos animais que viviam no laboratório e estão agora ao abrigo das autoridades veterinárias de Madrid. Em 2019, a associação fez uma denúncia semelhante num laboratório alemão, em Hamburgo, depois de um investigador infiltrado mostrar as condições “eticamente insuportáveis” em que macacos, gatos e cães viviam.

À semelhança da sustentabilidade ambiental, os testes com modelos animais também têm 3 Rs (que funciona melhor em inglês): “replacement” (substituição de modelos animais por modelos alternativos, quando possível), “reduction” (redução do número de seres) e “refinement” (refinamento das técnicas que causam mal-estar). Esta política foi enunciada em 1958 por dois cientistas ingleses preocupados com o bem-estar dos animais e que pauta a legislação portuguesa e europeia.

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