Regulador britânico sugere alternativa à vacina da AstraZeneca para menores de 30 anos

Agência de Medicamentos britânica revela que, até ao momento, foram reportadas 19 mortes entre 79 casos de pessoas que desenvolveram tromboembolismos após inoculação com a vacina da AstraZeneca no Reino Unido.

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Risco de complicações com vacina da AstraZeneca é agora de quatro num milhão NEIL HALL/EPA

As autoridades britânicas devem oferecer uma vacina alternativa à da AstraZeneca contra a covid-19 às pessoas com menos de 30 anos devido aos sinais crescentes de que pode provocar tromboembolismos, anunciou o regulador dos medicamentos britânico (MHRA).

A agência actualizou para 19 mortes entre 79 casos de pessoas que desenvolveram este problema dos quais 51 mulheres —, com idades compreendidas entre 18 e 79 anos, contra sete mortes entre 30 casos identificados há quatro dias

“Enquanto os testes clínicos permitem avaliar efeitos normais, efeitos mais raros só são detectados quando a vacina é usada em grande escala”, disse a directora da MHRA, June Raine, numa conferência de imprensa. 

No total, mais de 21 milhões de doses da vacina da AstraZeneca foram administradas no país.

A responsável disse que os “sistemas de monitorização detectaram agora um potencial efeito secundário da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca num número extremamente mais baixo” de “casos muito raros e específicos de coágulos de sangue com número de plaquetas [sanguíneas] baixas”

Porém, considerou que é necessário mais trabalho para estabelecer sem dúvida que foi a vacina que causou estes efeitos secundários e que, “baseado nos indícios actuais, os benefícios da vacina da AstraZeneca contra a covid-19 continuam a superar, para a grande maioria das pessoas, os riscos associados [à doença] como hospitalização e morte”. 

Segundo Raine, o risco de complicações é agora de quatro por milhão, e apenas três das 19 mortes eram de pessoas com menos de 30 anos.

Minutos antes, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) também revelou ter concluído que existe uma “possível relação” entre a vacina contra a covid-19 da farmacêutica AstraZeneca e a formação de “casos muito raros” de coágulos sanguíneos, mas insistiu nos benefícios do fármaco.

Na terça-feira, a Universidade de Oxford anunciou a suspensão dos testes em crianças da vacina que desenvolveu com o laboratório anglo-sueco.

Até agora, as autoridades de saúde e políticas britânicas têm defendido firmemente a vacina desenvolvida no Reino Unido de críticas e reiterado que os benefícios superam os riscos. Porém, as dúvidas têm-se acumulado, principalmente quanto à vacinação dos mais novos, pois a maioria dos maiores de 50 anos já recebeu a primeira dose.

A limitação do uso da vacina da AstraZeneca pode atrapalhar a campanha de vacinação no Reino Unido, o país com mais mortes atribuídas à covid-19 na Europa, quase 127.000 desde o início da pandemia.

Por precaução, vários países decidiram deixar de administrar a vacina abaixo de certa idade, como a França, Alemanha e Canadá, enquanto a Noruega e a Dinamarca suspenderam totalmente o seu uso.

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