ECDC: Vacinação de um familiar reduz em 30% (pelo menos) risco de infecção no resto do agregado familiar

Embora o efeito de novas variantes de preocupação precise de continuar a ser monitorizado, espera-se que o número total de infecções pelo coronavírius SARS-CoV-2 diminua significativamente conforme mais pessoas são vacinadas.

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Daniel Rocha

As reinfecções do SARS-CoV-2 são “bastante raras” e há provas de que a vacinação reduz “significativamente” a infecção sintomática e assintomática em pessoas já vacinadas, bem como um risco de transmissão mais reduzido. Estes são alguns dos pontos-chave de um relatório técnico publicado esta segunda-feira pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) sobre o risco de transmissão do SARS-CoV-2 de pessoas reinfectadas ou que já tinham sido vacinadas.

Quanto às reinfecções – isto é, pessoas que já estiveram infectadas, tinham recuperado e voltaram a estar infectadas pelo coronavírus SARS-CoV-2 –, refere-se que não há estudos que analisem directamente a transmissão do SARS-CoV-2 a partir de pessoas reinfectadas a outros indivíduos. “Contudo, há provas que mostram que as reinfecções são raras”, nota-se num resumo sobre o relatório.

Mesmo assim, estudos que acompanharam pessoas entre cinco a sete meses depois de terem recuperado de uma infecção estimaram que o efeito protector dessa infecção é “muito elevado (81% – 100%)” durante esse período. É de realçar que muitos desses estudos foram feitos antes do surgimento de certas variantes de preocupação do coronavírus e que estão associadas à falha de ligação dos anticorpos, como as que foram detectadas inicialmente na África do Sul e do Brasil.

Já sobre o impacto da vacinação no risco de transmissão refere-se que apenas está disponível um estudo, feito na Escócia, e que essa investigação sugere que a vacinação de um membro de um agregado familiar reduz o risco de infecção nos membros mais susceptíveis desse agregado em, pelo menos, 30%.

Assinala-se também que existem provas de que a vacinação reduz “significativamente” a infecção sintomática e assintomática em pessoas já vacinadas. Contudo, avisa-se que “a eficácia da vacina varia conforme a vacina e o grupo-alvo”. Há ainda “algumas provas” de uma carga viral mais baixa nas pessoas vacinadas do que naquelas que ainda não o foram, o que se pode traduzir assim numa transmissão mais reduzida. O que é que tudo isto pode querer dizer? Que se espera que o número de infecções diminua significativamente conforme mais indivíduos são vacinados. “Isto levará a uma diminuição da transmissão de forma geral.”

A questão: as variantes

Mas tudo poderá também estar um pouco depende das variantes do SARS-CoV-2. Afinal, muitos dos estudos sobre a eficácia das vacinas foram feitos antes do surgimento de certas variantes de preocupação e “há algumas provas de que a eficácia das vacinas poderá diminuir para algumas variantes”, nomeadamente com a da África do Sul e a de Manaus (Brasil).

“É muito encorajador ver que as reinfecções do SARS-CoV-2 são bastante raras”, afirma em comunicado Andrea Ammon, directora do ECDC. “Também recebemos com agrado as primeiras indicações positivas de que o risco de transmissão posterior parece ser reduzido nos que já foram vacinados. Embora o efeito de novas variantes de preocupação nos padrões de transmissão precise de ser monitorizado ao pormenor, esperamos que o número total de infecções diminua significativamente à medida que a sua cobertura aumenta.”

Há ainda muito a fazer e no relatório alerta-se que o acompanhamento de coortes sobre a infecção natural e vacinação é necessário para se avaliar melhor a dimensão e a duração da protecção em relação à reinfecção e doença sintomática, bem como os efeitos da protecção contra a transmissão.

Também se indica que as falhas vacinais irão ser seguidas pelos Estados-membros da União Europeia/Espaço Económico Europeu através da melhoria da vigilância e depois reportados na base de dados do Sistema Europeu de Vigilância (TESSy). Isto incluirá dados de sequenciação do vírus ou a identificação de mudanças genéticas que possam estar associadas a falhas nas vacinas.

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