Acidentes nas estradas provocaram 404 mortos, uma quebra de 18% em relação a 2019

Secretária de Estado da Administração Interna, Patrícia Gaspar, alerta condutores na apresentação do Relatório Anual de Sinistralidade. “Sabemos que zero mortos na estrada é um objectivo muito ambicioso mas é nessa meta que temos de nos fixar”, disse.

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Paulo Pimenta

Com os portugueses confinados em casa como nunca, 2020 foi um ano em que a sinistralidade diminuiu em todos os indicadores: houve menos 26% de acidentes, menos 18% de vítimas mortais, menos 20,5% de feridos graves e menos 30% de feridos leves, mostra o Relatório Anual de Sinistralidade a 24 horas e Fiscalização Rodoviária de 2020, da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, apresentado esta segunda-feira, e onde esteve a Secretária de Estado da Administração Interna, Patrícia Gaspar. 

Apesar desta diminuição,  o ano acabou com 404 mortos na estrada, um número que para Patrícia Gaspar “continua a não ser aceitável”: “Morrer na estrada não pode ser uma fatalidade. É algo que temos que continuar a combater. Sabemos que zero mortos na estrada é um objectivo muito ambicioso mas é nessa meta que temos de nos fixar”, acrescentou. Os dados respeitam às mortes nas 24h a seguir aos acidentes, ou seja, o impacto dos sinistros pode ainda ser maior.

Porém, para a secretária de Estado, a diminuição dos indicadores não se justifica integralmente pela pandemia e redução de mobilidade: “Significa que estamos no bom caminho e que o trabalho que está a ser realizado dá frutos”. Esse caminho passa por ter “cada vez mais fiscalização”, associada à “sensibilização e prevenção”, completou. 

Numa curta intervenção, a secretária de Estado terminou apelando a que os portugueses cumpram as regras. “Todas as manhãs quando nos sentamos ao volante de um carro ou de uma mota é preciso percebermos que temos na mão uma arma. Um carro pode ser uma arma, uma mota pode ser uma arma, que no limite pode acabar com a minha vida ou com a vida de outros.”

Olhando para os números compilados, em termos brutos, em 2020 houve 27.725 acidentes com vítimas, dos quais, além dos 404 mortos (em 2019 foram 520) houve 19.906 feridos graves (foram 2532 no ano anterior). Entre as vítimas mortais, cerca de 70% ocupavam o lugar do condutor, 14,6% eram passageiros e 15,6% peões. Já nos feridos graves, o relatório aponta, pelo contrário, um aumento de sinistralidade de passageiros e de peões para 16,8% e 15,9%, respectivamente.

Em relação aos dias da semana, a sexta-feira registou o maior número de acidentes (16,2% do total) e de feridos leves (16%), mas o dia com mais vítimas mortais foi à segunda-feira (17,4% do total), enquanto que nos feridos graves a percentagem mais elevada registou-se ao sábado (17,3% do total), mostra ainda o relatório. O horário com mais acidentes foi entre as 15h e as 20h59 horas, período em que se registaram 41,5% do total de acidentes, 35,6% das vítimas mortais, 45,7% dos feridos graves e 41,4% dos feridos leves. 

Que tipo de acidentes foi mais frequente? As colisões representaram aproximadamente metade dos acidentes com vítimas e feridos (51,1% dos acidentes, 43,6% dos feridos graves e 55,8% dos feridos leves). Mas o maior número de vítimas mortais ocorreu na sequência de despistes (45,9%).

Onde ocorreram os aumentos de acidentes com vítimas mortais? Em termos absolutos, foi em Viana do Castelo (com mais 10), Leiria (com mais 5), Lisboa (com mais 4) e Santarém (com mais 2). 

Segundo o relatório, apesar do confinamento em 2020 foram fiscalizados 113 milhões de veículos, presencialmente ou por meios automáticos, e isso representa uma subida de 19,4% em relação a 2019. Porém, houve uma descida de 6,9% das infracções que em 2o20 se situaram em 1,2 milhões, das quais 18.199 foram devido a álcool (menos 46% do que no ano anterior) e 764.565 devido a excesso de velocidade — este dado representou quase 63% do total e teve uma subida de mais 14,5% relativamente ao ano anterior.

Também em relação ao número de cartas cassadas se verificou uma descida de 491 em 2019 para 354 em 2020. Desde a entrada em vigor do sistema de “carta por pontos”, em 2016, que 1.284 condutores tiveram a sua carta de condução cassada.

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