Do alerta para travão no desconfinamento à “bomba-relógio”das moratórias — o que disseram os partidos a Marcelo

Partidos reuniram-se esta quarta-feira com Marcelo Rebelo de Sousa antes da renovação do estado de emergência. Rio lançou aviso para eventual travão no processo de desconfinamento e PCP alertou para risco de “falências em massa”.

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Daniel Rocha

Marcelo Rebelo de Sousa esteve, esta quarta-feira, reunido com os vários partidos com assento parlamentar antes da renovação do estado de emergência. Rui Rio alertou para um eventual travão no desconfinamento e Catarina Martins lembrou a “bomba-relógio” das moratórias que acabam a 31 de Março.

O PSD vai voltar a votar a favor da renovação do estado de emergência, mas Rui Rio está preocupado neste momento com a subida do índice de transmissibilidade da covid-19, o famoso R(t). “Se subir acima de 1, temos de voltar para trás” no plano de desconfinamento, alertou o líder social-democrata, depois de se ter reunido com o Presidente da República. 

Nesse sentido, e porque "as pessoas andam a incumprir”, sentiu o “dever de alertar todos os portugueses” para a necessidade de “cumprir as regras” e que “cada um seja muito rigoroso consigo próprio” para manter os níveis actuais e se possa continuar com o plano de desconfinamento.

Ao Governo, exige que faça também a sua parte, e essa, para o PSD, passa pelo “controlo das fronteiras para evitar a importação de novas estirpes, principalmente do Brasil e da África do Sul”, assim como pelos testes em massa e que o plano de vacinação “avance o mais rápido possível”. 

Sobre a extensão do estado de emergência até Maio, Rui Rio disse que o PSD continuará a dar “a base legal” para que o Governo tome as medidas de contenção da pandemia, mas que o que importa aos portugueses não é o estado de excepção, mas as medidas a tomar pelo Governo e por cada cidadão. 

Bloco alerta para “bomba-relógio” das moratórias que acabam a 31 de Março

“Uma autêntica bomba-relógio”, diz a líder do Bloco de Esquerda: uma em cada cinco famílias tem uma moratória no crédito à habitação e um terço do crédito das empresas está em moratórias que acabam a 31 de Março.

Citando dados divulgados hoje pelo Banco de Portugal, quando falta apenas uma semana para o fim do prazo, Catarina Martins exige “uma actuação rápida do Governo” para evitar “a tragédia para as famílias, para as empresas e para o sistema bancário” devido ao crédito mal-parado. 

“Não aceitamos que as famílias tenham sido empurradas para as moratórias e agora elas venham a terminar em pleno estado de emergência”, disse aos jornalistas, depois de ter reunido com o Presidente da República.

Para resolver o problema, o BE propõe que se estendam as moratórias “pelo menos até Setembro e se criem planos de regularização dessas dívidas”.

PCP alerta para risco de “falências em massa"

O PCP alertou o Presidente da República para o risco de “falências em massa” de micro, pequenas e medias empresas (MPME) e o aumento do desemprego que pode atingir 15%, afirmou o secretário-geral dos comunistas.

Jerónimo de Sousa falava aos jornalistas no parlamento, após uma audiência, por videoconferência, com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa sobre a renovação do estado de emergência, medida que voltará a ter o voto contra da bancada do PCP.

Na reunião de hoje, Jerónimo afirmou ter transmitido “uma preocupação”, com as falências e o aumento do desemprego, e “três prioridades” no combate à epidemia: mais rastreio, mais testagem e mais vacinação.

As “medidas de confinamento” são “inseparáveis do agravamento da situação económica e social” de onde se destacam “a ameaça de falências em massa de MPME, do crescente desemprego que globalmente já afecta globalmente 15% dos trabalhadores portugueses”, afirmou.

Neste contexto, o PCP exige que o Governo execute as medidas de apoios social e económico que tem vindo a anunciar. “Mais do que anúncios, os apoios têm de chegar às pessoas e às micro, pequenas e médias empresas”, disse.

Falando sobre as prioridades do PCP, o deputado começou por apontar o rastreio e a testagem como as questões mais importantes, juntamente com a vacina. Para tal, reivindicou “o reforço das equipas de saúde pública”.

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