Retrato de Portugal em 366 dias de pandemia

Emergência366 é o retrato do Portugal em tempos de pandemia: dos que foram obrigados a ficar fechados, dos que não puderam parar. O país esteve (está) em confinamento, mas a vida continua. Os fotojornalistas do PÚBLICO Adriano Miranda e Paulo Pimenta mostram em livro o lado menos convencional de como um vírus moldou a vida do país.

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Paulo Pimenta
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Adriano Miranda

A pandemia fechou o país dentro de quatro paredes durante praticamente um ano. Todo? Não. Vários sectores da economia continuaram a funcionar, resistindo ainda e sempre ao confinamento. Da agricultura aos transportes, da luta diária dos prestadores de cuidados de saúde às manifestações dos profissionais das artes, restauração e outros, cujas actividades estão praticamente no grau zero, os fotojornalistas do PÚBLICO Adriano Miranda e Paulo Pimenta captaram os retratos do Portugal muitas vezes invisível aos olhos do cidadão comum. Ao longo de 160 páginas, o livro Emergência366, com prefácio do poeta Jorge Velhote, conta-nos estas e outras histórias.

A ideia surgiu depois de os dois fotojornalistas terem ensaiado a experiência de trabalhar juntos no projecto “Só Pessoas”, em Janeiro de 2020. Em Março seguinte embarcaram na aventura de fotografar o país confinado, tendo como ponto de partida o anúncio do primeiro estado de emergência, no dia 18, pelo Presidente da República. O ponto final foi a 18 de Março deste ano: 366 dias em imagens. “O objectivo inicial era o de fotografar a vida dos trabalhadores precários, daqueles que sofreram mais com a pandemia”, explica Adriano Miranda. Mas, depois, ambos optaram por alargar a objectiva a mais temas sensíveis.

Conta Paulo Pimenta: “Tentamos mostrar um bocadinho do país: da Madeira a Lisboa, de Évora a Coimbra ou a Castro Laboreiro, das pessoas que trabalham nas mais variadas áreas da nossa economia” — quer em trabalhos ao serviço do PÚBLICO, quer por conta própria. A variedade de abordagens à realidade, diz o autor, passa pelas “situações extremas de sofrimento e de cansaço nos cuidados intensivos, pela tristeza nos funerais, o processo de vacinação e as emoções da ausência de contacto físico. Mas também por momentos de alegria, como o regresso às aulas, ou a imagem dos turistas de volta às cidades.” Ou seja, as várias velocidades do país moldadas pelos efeitos da covid-19.

O livro que antes de ser já o era

O dever de informar foi o grande motor dos dois repórteres. “Houve a ideia de que a pandemia foi ‘de férias’ nos meses de Verão, mas não foi”, diz Paulo Pimenta, justificando o facto de terem continuado o trabalho, incluindo quando houve algum relaxamento das medidas, como no Natal. E nada melhor do que um livro para perpetuar a memória daquele que, por ora, é o tempo mais difícil em termos sanitários na história recente de Portugal (e do mundo). Os dois fotojornalistas têm “consciência de que, no mundo digital, muita informação visual se vai perder irremediavelmente”. Por isso, “o suporte físico, neste caso, um livro, é o melhor garante para a preservação da memória”. “Será importante para as gerações futuras”, justificam.

Emergência666 é um livro de autor — logo, produzido sem apoios e sem fins lucrativos —, e tem uma edição limitada a 500 exemplares. Adriano Miranda revela que a obra vai conhecer o formato em papel em meados de Abril e que as encomendas têm excedido as expectativas. “As pessoas ainda não viram o livro e as encomendas já vão nos 270 exemplares. Este é um sinal de que confiam nos autores, o que nos traz maiores responsabilidades.” Este é um livro que antes de ser já o era.

Sem qualquer apresentação formal prevista para breve, a campanha promocional teve como base as redes sociais. Os interessados em adquirir este livro de registo de memórias podem enviar um e-mail para emergencia366@gmail.com, de onde receberão as instruções para a compra.

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