Salários em falta já foram transferidos para os trabalhadores da Groundforce

TAP e Groundforce oficializaram acordo que prevê a compra de equipamentos no valor de 6,9 milhões de euros. Solução “garante a sobrevivência da Groundforce nos próximos dois meses”.

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Trabalhadores da empresa têm-se manifestado contra os salários em atraso Adriano Miranda

A TAP e a Groundforce oficializaram esta tarde o negócio, já anunciado, que permite pagar os salários de Fevereiro de cerca de 2400 trabalhadores que estavam em atraso. A operação envolve a compra de equipamentos, por parte da TAP SA (a transportadora aérea), à Groundforce (nome comercial da SPdH), como reboques de aviões e autocarros.

De acordo com o comunicado enviado pela empresa de assistência em terra, o negócio contempla “a possibilidade de recompra de todos os equipamentos”, que, para já, terá de os alugar caso os utilize. Com esta entrada de liquidez, a empresa diz que já transferiu “o restante salário do mês Fevereiro para a conta de todos os trabalhadores”. A TAP, por sua vez, diz que “processará no dia próprio os pagamentos devidos aos trabalhadores da SPdH e relativos aos salários de Março de 2021”.

“A solução agora encontrada”, diz a Groundforce, detida em 50,1% pela Pasogal de Alfredo Casimiro e em 49,9% pelo grupo TAP, “é de curto prazo e apenas garante a sobrevivência” da empresa “nos próximos dois meses”. “A partir deste momento, todas as energias estão concentradas num diálogo com o Governo”, diz a Groundforce, “no sentido de obter o aval do Estado no valor de 30 milhões de euros”, acrescentando que esse será o caminho para “garantir a sustentabilidade” da empresa. O empréstimo em causa está a ser negociado com a CGD, sendo necessário que o Ministério das Finanças autorize a concessão de garantias públicas.

Ontem, o grupo TAP emitiu um comunicado no qual destacou que o negócio agora oficializado foi feito pela TAP SA (transportadora aérea). “Este acordo não tem, pois, qualquer relação directa com as negociações que têm vindo a decorrer entre a TAP SGPS – accionista minoritário da SPdH (Groundforce) – e a Pasogal”, frisou a empresa.

Ouvido ontem no Parlamento, o presidente do conselho de administração da TAP, Miguel Frasquilho, também fez questão de sublinhar que a solução para os salários em atraso “não é estrutural” para os problemas da empresa. “É preciso continuar a trabalhar” para se encontrar “uma linha de rumo”, acrescentou.

Pouco antes, também no Parlamento, Alfredo Casimiro defendeu que a culpa da actual situação da empresa (da qual é o presidente do conselho de administração) é “da pandemia de covid-19” e da “falta dos apoios prometidos pelo Estado”.

Esta sexta-feira, a Comissão de Trabalhadores e os sindicatos ligados à empresa divulgaram um comunicado conjunto onde afirmam que foi ganha “uma batalha” e que, com a “resolução da estrutura accionista em curso”, o futuro “não passa pela Pasogal”.

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