Covid-19: enquanto Portugal desconfina, países europeus apertam restrições para travar “terceira vaga”

França, Itália e Alemanha procuram controlar o surgimento de novos casos com endurecimento dos confinamentos.

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LUSA/FILIP SINGER / POOL

Enquanto Portugal avança gradualmente no desconfinamento, vários países europeus ponderam — ou já anunciaram — um endurecimento das restrições, numa Europa que vive a covid-19 a vários tempos.

Na França, o confinamento estará de regresso para 21 milhões de pessoas a partir desta meia-noite, com as restrições a abrangerem 16 zonas do país. O primeiro-ministro francês garante que as medidas do mais recente confinamento não vão ser tão duras como as que vigoraram em Novembro do ano passado. Citado pela France24, Jean Castex deixou o alerta que uma eventual “terceira vaga” do vírus é cada vez mais uma possibilidade. “Mais e mais a situação começa a parecer-se com uma terceira onda [de covid-19]”, afirmou o primeiro-ministro em conferência de imprensa.

Na Alemanha, as restrições mantém-se e não há qualquer espaço para desconfinamento até à Páscoa. Esta sexta-feira, o ministro da Saúde germânico, Jens Spahn, explicou que a decisão se prende com os indicadores epidemiológicos recolhidos nas últimas semanas.

“O crescente número de casos poderá significar que somos incapazes de tomar qualquer passo no sentido de abertura, nas próximas semanas. Pelo contrário, poderemos até recuar”, alertou o ministro da Saúde.

A cidade de Hamburgo, a segunda maior na Alemanha, volta a estar sob confinamento no domingo, depois de registar uma incidência superior a 100 casos por 100 mil habitantes durante uma semana consecutiva. “Receio que a situação se irá deteriorar ainda mais. Estamos numa terceira onda forte”, admitiu o mayor de Hamburgo, Peter Tschentscher, citado pelo Deutsche Welle.

As estirpes do vírus que circulam na Alemanha, mais contagiosas do que a variante original do SARS-CoV-2, são as principais responsáveis pelo elevado número de contágios recentemente registados.

Na Hungria, Viktor Orban prevê que a semana seja crítica e decisiva: o primeiro-ministro está preocupado com a pressão colocada nos serviços de saúde. Na segunda-feira, foram os próprios médicos dos cuidados intensivos a pedir ao Governo alemão que endurecesse as restrições, para aliviar o aumento dos internamentos e casos mais graves.

Também a Itália se viu obrigada a apertar as malhas do confinamento para controlar o avanço da pandemia. Desde a passada segunda-feira, metade das regiões do país — onde estão incluídas as cidades de Roma, Milão e Veneza — são abrangidas por restrições, medida que se prolonga até ao dia 6 de Abril.

Cenário que se repete na Polónia, com o ministro da Saúde, Adam Niedzielski, a anunciar o encerramento de lojas, hotéis e outros espaços a partir de domingo. No sentido oposto caminha a Grécia, que se prepara para iniciar o levantamento de restrições na próxima semana, mesmo com um número elevado de doentes internados em hospitais. Para já, serão os cabeleireiros e locais arqueológicos a reabrir a partir de segunda-feira.

Previsões negativas para as viagens aéreas

As companhias aéreas europeias preparam-se para um segundo Verão perdido, com as esperanças para a retoma das viagens frustradas pelos problemas de distribuição das vacinas contra a covid-19.

De acordo com a agência Reuters, as acções de companhias aéreas caíram esta sexta-feira, depois de serem anunciadas novas restrições em França e Itália.

Estas novas medidas vão impactar os meses que serviriam como recuperação das perdas registadas nos últimos meses. As companhias aéreas têm contraído dívidas de milhares de milhões de euros, comprometendo a sua capacidade de sobrevivência mesmo com a injecção de capital.

O responsável da IATA, a associação que representa as companhias aéreas a nível mundial, não esconde as dificuldades que o sector atravessa. Em declarações à agência de notícias, Alexandre de Juniac admite que há “um risco do aumento do número de falências até ao final do ano”.

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