Cláudia Azevedo diz que concurso do 5G “não tem pés nem cabeça”

Presidente da Sonae contesta críticas da Anacom sobre qualidade das redes de telecomunicações.

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Nelson Garrido

A apresentação dos resultados anuais da Sonae, realizada por videoconferência, ficou marcada por várias críticas de Cláudia Azevedo ao regulador das telecomunicações (Anacom), em particular sobre o concurso para licenças de 5G em Portugal. A líder da Sonae (que é a maior accionista da Nos) considerou que o concurso “não tem sentido nenhum, não tem pés nem cabeça”.

Um dos aspectos criticados pela gestora prende-se com o facto de o concurso não exigir investimento em Portugal aos novos operadores, enquanto os nacionais tiveram de fazer avultados investimentos. Agora, os novos operadores “podem fazer roaming nas nossas redes, nas quais andamos a investir há anos, sem qualquer custo”, referiu aos jornalistas.

Nos moldes actuais, o concurso “atrai operadores que não têm nenhum compromisso com Portugal, que não têm compromissos de investimento, e que se não gostarem das rentabilidades, vão embora”.

O serviço 5G permite ligações ultra-rápidas e a conexão de um elevado número de dispositivos. No final de Dezembro e dentro da União Europeia, só Chipre, Lituânia, Malta e Portugal ainda não tinham disponível comercialmente essa solução, que Cláudia Azevedo considerou “importante”.

A presidente-executiva (CEO) da Sonae (proprietária do PÚBLICO) também contestou as críticas do regulador de telecomunicações à qualidade da redes: “É mentira e é fácil de comprovar. Há vários estudos que comprovam que Portugal tem uma das melhores redes móveis e muito acima da média da União Europeia”, disse. 

Também em relação à acusação de margens elevadas cobradas pelos operadores em Portugal, a responsável garante que “não é verdade”.

Ainda nas telecomunicações, a CEO da Sonae disse esperar que a participação arrestada na ZOPT seja revertido rapidamente. As acções da ZOPT, accionista da Nos, criada em parceria com Isabel dos Santos, foi arrestada pelas autoridades judiciais angolanas, que pretendiam aceder apenas à participação da empresária angolana.

“Estamos na expectativa que esse erro seja corrigido”, referiu, adiantado que o objectivo é a Sonae passar a deter directamente a participação na Nos, referiu. Enquanto isso não acontecer, “não podemos [a Nos] distribuir dividendos”, adiantou.

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