Coordenador da task force admite “perigo” de reforço de movimentos antivacinas

Henrique Gouveia e Melo considera que as pessoas antivacinação têm de pensar se querem ficar no lado dos “milhares de vidas salvas” ou no lado na “incerteza”.

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"Num prato existem algumas dúvidas que devem ser esclarecidas, mas do outro há um benefício extraordinário e esse é claro: a vacinação salva milhares de pessoas", diz Henrique Gouveia e Melo LUSA/TIAGO PETINGA

A suspensão temporária da administração da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca e Universidade de Oxford pode levantar o “perigo” de reforçar movimentos antivacinas em Portugal, reconheceu esta terça-feira o coordenador do plano de vacinação.

Em entrevista à agência Lusa, que será divulgada na íntegra na quinta-feira, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo assumiu não ter conhecimento até ao momento da recusa de pessoas em serem vacinadas, independentemente do fabricante, e considerou que “as que há, porventura, são residuais”. No entanto, não descartou que as dúvidas agora existentes em torno da vacina da AstraZeneca possam ter um efeito de contágio sobre o plano de vacinação.

“Há sempre esse perigo. Claro que temos de temer a criação de dúvidas no espírito das pessoas que faça que possam ter um maior receio no processo de vacinação como um todo e, em especial, de uma determinada vacina”, disse o responsável pelo plano, sem manifestar reservas para qual dos “dois pratos da balança” pende a sua análise.

“Num prato existem algumas dúvidas que devem ser esclarecidas, mas do outro há um benefício extraordinário e esse é claro: a vacinação salva milhares de pessoas. Portanto, do outro lado temos uma dúvida e do outro lado temos uma vacina que salva milhares de pessoas. Quem vai tomar a vacina deve ponderar se prefere estar do lado em que há milhares de pessoas a serem salvas ou de uma dúvida que, se calhar, é uma dúvida que nem tem relação causa-efeito”, sublinhou.

O país tinha inicialmente uma previsão de recepção de 4,2 milhões de vacinas da AstraZeneca no segundo trimestre, que foi, entretanto, revista em baixa para 1,4 milhões e cuja concretização “ainda assim está a ser discutida”, segundo Henrique Gouveia e Melo. Apesar das dúvidas em torno de um prazo para o fim da suspensão da administração, o coordenador da task force considerou que a situação vai passar ao lado do actual desconfinamento.

“Não creio que vá comprometer o processo de desconfinamento. De qualquer forma, a protecção dos professores [poder ser] uma semana atrasada, pode ter algum impacto, mas não julgo que seja muito significativo. Não vai comprometer o desconfinamento, não me parece que haja essa relação de causa-efeito”, notou, aludindo à inoculação com esta vacina de docentes e auxiliares do pré-escolar e 1.º ciclo que estava agendada para este fim de semana.

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