Há 134 anos que não havia tão poucos casamentos como em ano de pandemia

Dados do INE mostram que no ano passado realizaram-se 18.889 casamentos. Este é o número mais baixo de sempre. Até agora, o último ano da troika e o fim da primeira guerra mundial eram os anos com menor número de casamentos.

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Vestido de casamento numa montra Jorge Miguel Goncalves / NFACTOS

Em 2020, realizaram-se em Portugal 18.889 casamentos, de acordo com dados preliminares publicados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Isto significa que, no ano da pandemia, o número de casamentos foi o menor de sempre, atingindo até a marca histórica de ser o mais baixo em 134 anos, já que a série longa do INE contém dados a partir de 1886. 

No mesmo dia em que publica as estatísticas vitais referentes ao ano passado — com dados sobre nascimentos e óbitos , o INE actualiza a base de dados sobre o número de casamentos com o valor referente a Dezembro (1499), o que permite encontrar o número preliminar para o conjunto do ano. 

A descida do número de casamentos já era esperada em ano de pandemia, tendo em conta que a crise sanitária ditou o fecho de serviços públicos, incluindo o registo civil, e a redução do convívio social o que levou à diminuição do número de festas e celebrações

A crise sanitnária acabou por ditar uma queda histórica no número de casamentos, indicam os dados do instituto de estatística. Na série longa do INE que começa em 1886 destacam-se dois anos com números baixos de casamentos: 2014, quando a troika saía de Portugal depois de um programa de resgate financeiro que implicou políticas de austeridade desde 2011; e 1918, o último ano da primeira guerra mundial que teve início em 1914. Em 2014, realizaram-se 31.478 casamentos e em 1918 celebraram-se 30.236. Foram estes registos, já por si baixos, que foram agora ultrapassados.

Isto significa que em 2020 realizaram-se cerca de 60% dos casamentos dos que tinham ocorrido em 2014 e em 1918. Mais concretamente, foram menos 12.579 casamentos do que quando a troika saiu de Portugal e menos 11.337 do que no final da primeira guerra.

 Por outro lado, em toda a série longa, o ano com maior número de casamentos aconteceu em 1975, um ano depois da revolução do 25 de Abril de 1974, quando, segundo os registos do INE, houve 103.126 casamentos. 

Só 117 casamentos em Abril 

Nos dados actualizados esta terça-feira, o INE chama a atenção para o impacto da pandemia nos valores dos casamentos, destacando o que aconteceu em Abril de 2020, quando o país estava fechado em casa no primeiro confinamento. “Por razões de saúde pública epidemia da doença covid-19  no dia 18 de Março de 2020 foi decretado o estado de emergência em Portugal”, lembra o INE, acrescentando que “as decorrentes restrições tiveram impactos na vida dos cidadãos, em que se inclui a mobilidade e o contacto social. Os dados estatísticos relativos aos casamentos em Abril devem ser lidos nesse contexto”. Nesse mês, realizaram-se apenas 117 casamentos, o número mais baixo ao longo de todo o ano passado. 

Por outro lado, Setembro foi o mês com maior número de casamentos, tendo o INE apurado 2858 registos deste tipo de união. 

A permanência da pandemia em 2021 ano em que foi decretado um segundo período de confinamento determinou a continuidade de restrições nas celebrações. E nem mesmo o plano de desconfinamento apresentado pelo Governo a 11 de Março inverteu a tendência de contenção nas celebrações que envolvem mais pessoas. A 3 de Maio deste ano, quando Portugal deverá entrar numa nova fase mais avançada de abertura, as celebrações só podem ter metade da lotação prevista para o espaço onde forem realizadas. 

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