Conferência Europeia da Juventude pede voto aos 16 anos, Portugal não fecha a porta

Os jovens conferencistas consideram a antecipação do voto para os 16 anos “um objectivo realista” para as próximas eleições europeias, em 2024.

Foto
Rui Gaudencio

Os participantes na Conferência Europeia da Juventude, que terminou esta segunda-feira em Vila Nova de Gaia, defenderam a diminuição da idade de voto para os 16 anos, a que Portugal não fecha a porta.

Esta é uma das recomendações da conferência, co-organizada pelo Instituto Português do Desporto e da Juventude e pelo Conselho Nacional de Juventude, e inserida na presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (que decorre até final de Junho).

Os jovens conferencistas consideram a antecipação do voto para os 16 anos “um objectivo realista” para as próximas eleições europeias, em 2024. Neste momento, só três países da União Europeia (UE) concedem o voto aos 16 anos (Malta, Áustria e Estónia), com a maioria a estabelecer os 18 anos como idade mínima para votar.

Em reacção à proposta, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, presente na apresentação das conclusões da conferência, não fechou a porta, mas recordou que essa alteração obrigaria a alterações legais em toda a UE - no caso de Portugal “constitucionais” mesmo.

“Sou um progressista. Tal como acho que foi um progresso conquistarmos os 18 anos para a idade de voto, depois de ela ter estado nos 21, acho que devemos continuar esta ideia, que deve ser aprofundada e sobretudo muito discutida, para criar alguma tracção na sociedade e eventualmente chegarmos a esse desiderato”, frisou.

Reconhecendo que “é importante que os jovens se sintam representados”, João Paulo Rebelo assinalou que uma mudança desse tipo exige “consenso alargado” e “o empenho de uma larga maioria do Parlamento”. Para o governante, “o tópico é pertinente”, porque “o voto é indiscutivelmente uma das formas mais directas de participação nos processos democráticos”.

O deputado mais jovem da actual legislatura entrou com 25 anos, mas a idade média dos deputados portugueses é de 48 anos, apontou. “Era um sinal positivo que essa idade média pudesse baixar”, admitiu. “Tendemos a participar mais se nos identificarmos mais com os nossos representantes. É importante rejuvenescer a democracia”, concedeu.

Segundo referiu Silia Markkula, presidente do Fórum Europeu de Juventude, “menos de 2% dos parlamentares em todo o mundo têm menos de 30 anos, o que representa um desafio, uma barreira no sistema em si”. O fórum, a maior plataforma de organizações juvenis do mundo, representando 40 milhões de jovens na Europa, tem feito pressão para a redução da idade de voto para os 16 anos.

João Paulo Rebelo considera que existe hoje “uma maior abertura dos decisores políticos para a participação dos jovens”. Ainda assim, assinalou João Paulo Videira, presidente do Conselho Nacional de Juventude, são necessárias “verdadeiras políticas participadas”, que valorizem “o papel crítico e activo da juventude”.

As políticas para a juventude e a participação dos jovens na Europa - sob o lema “nothing for us without us [nada para nós sem nós]” - foram os temas da Conferência Europeia de Juventude. O programa da juventude inserido na presidência portuguesa do Conselho da UE prossegue com uma reunião informal de directores-gerais da juventude dos 27 Estados-membros da União Europeia, hoje e na terça-feira.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários