Estado deve pagar à volta de 20 euros por teste rápido

Valor acordado com os laboratórios privados ainda não está fechado. Especialistas insistem que testes devem ser vistos como um investimento e não como um custo.

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Adriano Miranda

Os testes de antigénio, que vão ser usados para realizar a primeira vaga de testes que vai correr todas as escolas públicas e privadas, devem custar, cada, cerca de 20 euros ao Estado. O negócio ainda não estará fechado, mas várias pessoas envolvidas na negociação acreditam que o montante final ficará à volta daquele valor. Tal significa que só a primeiro vaga de testagem nas escolas, que deve abranger perto de 600 mil pessoas, custará cerca de 12 milhões de euros ao Estado.

O Governo aprovou no domingo passado em Conselho de Ministros uma verba de quase 20 milhões de euros (19.802.880 euros) para “aquisição de serviços de realização de testes rápidos de antigénio em estabelecimentos de educação e ensino públicos”. Num comunicado, o Executivo indicava que os testes se destinavam também às “respostas sociais de apoio à infância do sector social e solidário”. E já depois disso, o Governo decidiu avançar para a testagem igualmente nas escolas privadas.

O pneumologista Filipe Froes, um dos autores da Estratégia Nacional de Testes para SARS-CoV-2, insiste que o que se gastar em testes deve ser visto como um investimento. “Testar é um investimento, e não um custo, para manter a sociedade aberta. Confinar tem um custo muito mais elevado para todos”, sublinha o especialista, que lamenta que a actualização das novas regras tenha optado por uma periodicidade dos testes de 14 em 14 dias. “Eu e outros colegas defendemos que os testes fossem feitos com um intervalo menor de tempo. Fossem semanais”, sublinha Froes, que lamenta que a versão final da norma tenha optado por um prazo tão dilatado. “O controlo da pandemia assenta num controlo da transmissão”, acredita.

Tiago Guimarães, presidente do Colégio de Patologia Clínica, e outro dos autores da estratégia, admite que os testes moleculares, também conhecidos como PCR, que poderão em breve ser realizados a partir de amostras de saliva, também podem ser a solução para testar em massa. Isto apesar destas análises custarem pelo menos três vezes mais do que os testes de antigénio. “Já existem experiências em que se juntam cinco ou sete amostras de saliva e se realiza um único teste molecular. Quando há algum positivo temos que testar aquele grupo para ver quem está de facto infectado”, explica o médico, que dirige o serviço de Patologia do Hospital de São João, no Porto. “É uma estratégia que permite monitorizar, por exemplo, um milhão de pessoas e que fica mais barata que o recurso aos testes de antigénio, que são menos sensíveis”, sustenta Guimarães.

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