Escolas preferem que desconfinamento comece pelo 1.º ciclo

Na reunião do Infarmed, especialista defendeu que creches e pré-escolar deviam ser os primeiros a abrir, mas para os directores o principal motivo de preocupação são as aprendizagens dos alunos do 1.º e 2.º anos.

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Daniel Rocha

Os directores das escolas públicas querem que, no sector da Educação, o plano de desconfinamento, que será anunciado pelo Governo na quinta-feira, comece pelo 1.º ciclo do ensino básico. Na reunião do Infarmed desta segunda-feira, uma das especialistas defendeu que as creches e a educação pré-escolar deviam ser as primeiras áreas a reabrir, mas para os directores os impactos das aulas à distância são mais problemáticos nas crianças do 1.º e 2.º anos, pelo que deviam ser essas as prioritárias.

O presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira, entende que o confinamento “está a ter impacto em todas as crianças” e que seria importante “que regressassem o quanto antes às escolas” tanto as que estão em idade de frequentar creches e a educação pré-escolar como as do ensino básico. No entanto, a ter que escolher alguém, “a prioridade deve ser dada ao 1.º ciclo”, afirma o mesmo responsável.

Os alunos “que estão a ser mais prejudicados” com o confinamento e o ensino remoto são os do 1.º ciclo, “em particular os dos dois primeiros anos”, prossegue Manuel Pereira, que há duas semanas já tinha dito ao PÚBLICO  que é “difícil ensinar a ler e escrever à distância”.

Também Filinto Lima, da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (Andaep), concorda que seja dada prioridade aos alunos do 1.º ciclo na reabertura do ensino presencial. “Começa a ser urgente” o regresso dos alunos às escolas, defende aquele dirigente, lembrando que, nos últimos 12 meses, os estudantes tiveram cerca de 80 dias de aulas à distância, “o equivalente a dois períodos lectivos”. “É muito tempo!”, diz.

Na reunião do Infarmed desta segunda-feira, Raquel Duarte, da Administração Regional de Saúde do ​Norte e do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, apresentou uma proposta para um plano de redução das medidas restritivas devido à covid-19 que prevê, numa primeira fase, a reabertura das creches e do pré-escolar, além dos locais de trabalho sem contacto com o público e a venda ao postigo. Segundo este plano, as medidas deverão ser avaliadas a cada duas semanas, o que poderá permitir a abertura dos 1.º e 2.º ciclos apenas 15 dias depois do início do plano de desconfinamento.

A decisão final é do Governo e será anunciada na próxima quinta-feira, depois do Conselho de Ministros. O Ministério da Educação não avança qualquer pormenor sobre o regresso ao ensino presencial até lá. As escolas também não têm, até ao momento, “qualquer informação, nem formal nem informal” sobre o plano de desconfinamento que está a ser trabalhado pelo Executivo, afirma Filinto Lima: “Estamos todos à espera do dia 11 de Março.”

Para já, as escolas públicas “já perceberam que o plano será faseado” com base nas informações que têm sido divulgadas nos últimos dias. A principal dúvida, prossegue o presidente da Andaep, é saber se a retoma do ensino presencial se inicia já na próxima segunda-feira, 15 de Março, ou apenas depois da Páscoa, a 5 de Abril – data em que formalmente começa o 3.º período lectivo.

Em qualquer dos casos, as escolas “estão em condições de abrir, assim que o Governo disser que o devemos fazer”, assegura Filinto Lima, lembrando que, neste momento, há mais de 1000 estabelecimentos de ensino em funcionamento, recebendo mais de 18 mil alunos por dia, entre filhos dos profissionais essenciais, alunos com necessidades educativas especiais ou estudantes para quem o ensino à distância estava a ser ineficaz. Ou seja, as escolas “nunca pararam”.

Também Manuel Pereira, da ANDE, garante que os estabelecimentos de ensino “estarão prontos, em todos os aspectos”, caso o Governo entenda que deve haver aulas presenciais em alguns níveis de ensino já a partir de segunda-feira ou na semana seguinte, ainda antes da pausa lectiva da Páscoa — que foi reduzida a quatro dias. “Cada dia a mais que eles puderem estar na escola é um dia que se ganha”, defende.

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