Bazuca para a habitação – incentivo à domus digital como efeito multiplicador

Na Europa não se constrói habitação social há 30 anos, e segundo o IHRU, existem 1,5 casas por família em Portugal.

De que forma se pode cumprir o objetivo da bazuca europeia de 16.700.000.000,00 de euros para a resiliência e eficiência energética da habitação, destinada à iniciativa privada, criação de emprego e crescimento económico?

Com certeza, não será com a criação de mais funcionários públicos, ou voluntariado, mas apontando a bazuca com efeito multiplicador, agregando em condomínios, clientes marginais, recuperando o mercado dos profissionais liberais da arquitectura, engenheiros de materiais, informáticos, de estruturas, parcerias com a indústria, que faz investigação para redução de gases com efeito de estufa na produção, (já com parcerias com centros científicos universitários, já servidos com canais de captação de capitais europeus próprios), comunicações, paisagistas, construtoras. Em suma, apontar à atividade privada, criando um incentivo à domus digital com benefícios fiscais imediatos para o utilizador.

Há dias, fui convidada para participar num think tank, onde, contas feitas, e diferentes experiências dos anos 90, se faz uma reflexão entre arquitectos, os técnicos que dominam o compasso do habitar e da coordenação de equipas multi-disciplinares de especialistas, para que a arquitectura seja um serviço de inteligência acessível a todos.

Na Europa não se constrói habitação social há 30 anos, e segundo o IHRU, existem 1,5 casas por família em Portugal. Portanto, para um honesto combate às alterações climáticas, que se recupere o espírito de ambulatório do SAAL, mas não a repetição de erros do passado, construindo mais m3 do mesmo gueto, bairro social, fábrica de estigma, rudeza, preconceitos ambientais pela ausência de manutenção de espaços verdes.

Pelo contrário, devemos recuperar o potencial da arquitectura resiliente nos bairros existentes, alguma da autoria dos melhores arquitectos, adaptando à eficiência energética e tecnológica, regenerando a envolvente desse território com paisagistas, realismo, estacionamento para a autonomia das famílias, eléctrica ou a hidrogénio, porque essa densidade continua sem garagens.

Paralelamente, convoco a “acumpuntura" do arquitecto e urbanista Nuno Portas, adquirindo o Estado casas para realojamentos dispersos, que se fundirão na cidade, incentivando o mercado, e um standard. Porquê? Porque há apenas três anos de prazo de execução na bazuca, e não queremos, como de costume, ver a maior percentagem ser devolvida por falta de execução. Não sei se teremos tempo para levantar todo o património devoluto do Estado. Reconversões patrimoniais não devem ser feitas à pressa, para permitir a desculpa do atropelo à lei e de boas práticas. Desse, onde será possível habitação por quotas, projetada e executada em 3 anos?

A covid-19 revelou miséria habitacional de mais de 20% da população, e pobreza envergonhada de uma classe média, que não liga aquecedores, não faz obras de manutenção, tem dificuldade em pagar faturas energéticas, num país demasiado pobre, para o Estado se permitir cobrar tamanha violência em impostos.

Havendo probabilidade de futuras pandemias pela nossa condição global, a Ásia não larga as máscaras há décadas, urge o Plano B que Abril de 2020 exigia. A desigualdade entranha-se onde crianças sobrevivem sem igualdade de oportunidades. Em simultâneo com teletrabalho dos pais, na mesma sala partilham-se várias escolas, disfuncionando a família, sobrecarregada em despesas por falha do estado e empresas. A bazuca pode corrigir problemas existentes, criar mercado, standard de qualidade e adaptação da domus ao Plano B. Além de pontaria eficaz, haja talento, cultura, e espírito de missão.

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