Pseudoplano de desconfinamento andou na Net. Saiba como não ser enganado por documentos falsos

Esta quinta-feira, começou a circular um falso plano de desconfinamento nas redes sociais. O Governo já veio negar a veracidade do documento, mas havia várias pistas que mostravam que era falso. Sabe encontrá-las?

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Governo desmentiu plano de confinamento Governo

Um ficheiro com um falso plano de desconfinamento até Maio começou a circular esta quinta-feira na Internet, em especial no Facebook e na rede de mensagens WhatsApp. Nos últimos anos, estas plataformas ganharam fama por serem um palco de difusão de informação falsa e perigosa em todo o mundo. 

O documento português replicava o grafismo habitualmente usado pelo Governo nestes documentos; vinha com o símbolo da República Portuguesa; a tabela era pormenorizada; e no canto superior esquerdo aparecia o link para o site do Governo que detalha as medidas contra a covid-19. Mas várias pistas mostravam que era fabricado.

O PÚBLICO reuniu seis dicas para ajudar a avaliar documentos que encontramos nas redes sociais.

É um ficheiro reencaminhado? 

O número de vezes que alguém partilha uma notícia, documento ou fotografia não é prova da sua veracidade.

É impossível identificar o remetente original de uma mensagem ou ficheiro que foi reencaminhada através do WhatsApp ou do Facebook. Estas mensagens aparecem legendadas com duas setas no canto superior esquerdo (WhatsApp) ou o alerta “Forwarded message”, “mensagem reencaminhada”, no Facebook.

Isto quer dizer que a pessoa que o está a enviar não é o remetente original. A função de reencaminhar já deu origem a vários rumores e notícias falsas. Logo em Março de 2020, no início da pandemia, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) teve de alertar para mensagens de voz de falsos profissionais de saúde a circular em grupos do WhatsApp.

Consulte as propriedades do documento

É sempre boa ideia verificar os autores do documento. Por norma, os documentos do Governo português (por exemplo, os PDF do Diário da República) vêm com os metadados (autor, zona em que foi criado, data) encriptados. Se o autor do documento for suspeito (por exemplo, “Computador da Márcia”), o ficheiro pode ser fabricado. 

Para verificar o autor de um documento: botão do rato direito > propriedades > PDF. Permite ver o autor e programa utilizado para elaborar o documento. No caso do PDF com as novas medidas, o autor não era do Governo, mas antes o consultor na área do turismo e vinho Carlos Macedo e Cunha.

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Esteja atento a erros de desformatação

Um documento pode ficar com um ar estranho (letras sobrepostas, linhas tortas, tabelas desformatadas) quando são introduzidos elementos adicionais. No caso do documento com falsas medidas de contenção, partilhado esta quinta-feira, o símbolo do site Estamos On surgia desformatado. 

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Há erros ortográficos?

Por vezes, há documentos oficiais que vêm com gralhas pontuais. Mas erros de ortografia recorrentes, gralhas, e excesso de pontuação podem indicar que se está a ler um documento falso.

No caso do ficheiro partilhado esta quinta-feira, “1º Ciclo” aparecia com um ponto de interrogação à frente e havia casos em que se lia “transporte públicos” em vez de “transportes públicos”.

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Há uma assinatura digital?

Alguns documentos e ficheiros oficiais enviados por PDF podem incluir assinaturas digitais. Trata-se de um tipo específico de assinatura electrónica que cumpre requisitos legais rígidos. 

Se um documento em PDF apresentar um visto verde na barra superior quando é aberto no Adobe Reader ou Acrobat, significa que inclui uma assinatura digital. Se aparecer um ícone com um triângulo amarelo com um ponto de exclamação, quer dizer que a identidade do signatário é desconhecida ou não pode ser validada. 

Consulte outras fontes. E desconfie 

As fotografias e documentos podem ser alterados. Antes de confiar em informação reencaminhada, veja se esta é corroborada em sites de notícias ou sites oficiais. Informação actualizada sobre o plano de confinamento em Portugal pode ser consultada em covid19estamoson.gov.pt

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