Semana da Moda de Londres arranca em modo digital

A Semana da Moda de Londres arrancou, esta sexta-feira, exclusivamente em formato digital, com os designers à espera de, com as suas últimas criações, atraírem os seguidores das tendências a partir do conforto das suas casas.

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Mark Fast inspirou-se no oceano para criar a sua linha Outono/Inverno 2021-2022 DR

Com a Grã-Bretanha sob um confinamento geral, por causa da pandemia de covid-19, os vídeos por stream substituíram as habituais e animadas apresentações nas passerelles, com quase 100 marcas de roupa feminina e masculina, que irão partilhar as suas colecções nos próximos dias, a adaptarem a forma como apresentam as suas peças. “É realmente difícil... para todos neste momento, mas particularmente para a indústria da moda”, avalia Caroline Rush, chefe-executiva do Conselho da Moda Britânica (BFC, na sigla original), em declarações à Reuters.

“A Semana da Moda [proporciona] este vislumbre de inspiração, edificante, ligando-se à criatividade e pensando realmente no impacte da moda na sociedade e na cultura. E nós precisamos dela.”

O designer turco Bora Aksu disse ter sido inspirado por Sophie Germain (1776-1831), a matemática e filósofa francesa do século XIX que sofreu uma espécie de isolamento quando foi discriminada por causa do seu género, não tendo, por isso, deixado de prosperar.

A sua colecção foi apresentada com as modelos a descerem por um Tate Britain vazio em fatos à medida, casacos de caxemira e vestidos com camadas em renda. As camisas e as saias destacaram-se pelas camadas volumosas de tule e os casacos receberam capas em renda, para as quais foi usada uma vasta paleta de cores: rosa, preto, azul-marinho, vermelho e amarelo. “Eu estava a tentar encontrar algo que (pudesse) trazer esperança neste tempo”, justifica.

Mark Fast olhou para o oceano para criar a sua linha Outono/Inverno 2021-2022, apresentando casacos coloridos e saias de malha. Imagens de ursos polares e de estrelas-do-mar foram usadas para adornar tops enquanto os vestidos com franjas ou lantejoulas lembravam as sereias.

“Penso que estamos a aperceber-nos agora que não se trata de quantidade, mas sim de qualidade, e que, em tantos aspectos das nossas vidas, as coisas podem ser feitas de forma diferente e de novas maneiras, sendo a moda uma delas”, interpreta Mark Fast à Reuters, num comentário por e-mail.

Com o encerramento de lojas, estúdios e fábricas, bem como com a restrição de viagens, para fazer face ao surto do novo coronavírus, o sector da moda foi duramente atingido no último ano. No Reino Unido, já foram identificados mais de quatro milhões de casos; 119.387 pessoas morreram desde o início da pandemia.

Na Grã-Bretanha, onde além da pandemia o Brexit começa a surtir nefastos efeitos, os armazéns gigantes Debenhams e Arcadia entraram em colapso, com os retalhistas de moda online Boohoo e ASOS, no mês passado, a fixarem a sua mira nas suas marcas.

No início deste mês, cerca de 450 figuras da indústria da moda britânica assinaram uma carta aberta ao Governo avisando que o sector, que contribui com 35 mil milhões de libras (40.400 milhões de euros) para a economia, estava “em risco de ser dizimado pelo acordo comercial Brexit” devido às novas regras de importações e exportações e respectivas burocracias.

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