Já há hospitais a fazerem rastreios regulares à covid-19 em doentes internados

As novas indicações entraram em vigor na última segunda-feira. Testes devem ser repetidos a cada cinco ou sete dias enquanto durar o internamento.

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Manuel Roberto

A nova norma da Direcção-Geral da Saúde veio determinar a realização de rastreios regulares à covid aos doentes internados: um teste entre o 3.º e o 5.º dia após o teste na admissão e periodicamente a cada cinco dias ou a cada sete dias a partir do último teste. As novas indicações entraram em vigor na última segunda-feira, mas em vários hospitais as novas medidas, ou parte delas, já estavam implementadas.

O Centro Hospitalar de São João faz, desde 10 de Novembro, “rastreio a todos os doentes no 5º dia de internamento” e um mês depois passou a testar também “os doentes a cada cinco dias”. “Em 25 de Janeiro introduzimos também a testagem às 48 horas após admissão”, diz a unidade, referindo que foram detectados 95 casos de doentes infectados. O limite da capacidade de testagem nunca foi atingido. Nos profissionais, são testados, a cada 14 dias, os que estão em serviços de maior risco. A norma interna está “a ser revista em função do plano de vacinação”.

No Amadora-Sintra iniciou-se, desde Outubro, “a testagem ao 5,º dia de internamento”. Em Janeiro, “foi adicionada a indicação para testagem de doentes que permanecem internados de sete em sete dias” e o serviço de patologia clínica “tem capacidade para realizar 700 testes à covid por dia”. Todos os profissionais sintomáticos são testados, assim como os contactos de alto e baixo risco. E nos serviços onde sejam detectados casos positivos com evidencia de transmissão interna, o rastreio é feito semanalmente.

O Hospital Garcia de Orta, em Almada, “efectua testes regulares aos doentes internados desde Outubro”. Estes “são testados aquando do início do internamento e semanalmente até à data de alta”, explica, referindo que o laboratório “tem capacidade total para assegurar toda a resposta interna”. Os testes aos profissionais são feitos sempre que tenham estado em contacto com um caso suspeito ou confirmado ou quando manifestam sintomas.

Testes ao 5.º dia

No Centro Hospitalar Lisboa Central, desde 13 de Janeiro fazem-se “rastreios a todos os doentes, ainda que assintomáticos, entre 3.º e o 5.º dia de admissão hospitalar”. De 1 de Março de 2020 a 16 de Fevereiro deste ano foram detectados 2148 casos positivos em doentes internados, onde se incluem testes de cura para alta médica, repetições de testes de doentes positivos, doentes que no internamento iniciaram sintomatologia sugestiva de infecção e rastreios. Quanto aos profissionais, são testados quinzenalmente e “foram detectados 1157 profissionais infectados”.

No Hospital de Braga, o teste é repetido ao 5.º e ao 14.º dia de internamento. A política de testagem está a ser revista, estando prevista “a antecipação dos testes periódicos aos doentes internados a partir do 3.º dia de internamento, e a realização de teste semanal, a partir dessa data, enquanto permanecerem internados”. Os profissionais, “são testados sempre que necessário, de acordo com a avaliação do contexto epidemiológico de cada caso”, seguindo os critérios definidos pela saúde ocupacional e do grupo de controlo de infecções.

Também a Unidade Local de Saúde de Matosinhos “está a fazer a revisão da estratégia de testagem para a adequar à nova norma”. Já tinham, desde 13 de Novembro, regras de testagem ao 5.º dia de internamento em caso de existência de surto comunitário. Os profissionais são testados “em caso de sintomas, em situação de contacto familiar positivo, de surto na enfermaria onde trabalham e sempre que pensem estar em risco”, explica a unidade, que identificou 498 profissionais positivos desde o início da pandemia. Este ano já foram detectados três surtos “imediatamente controlados”.

No Centro Hospitalar Lisboa Norte também “estão a proceder às devidas adequações de procedimentos à norma agora publicada”, havendo “capacidade para responder ao aumento de testagem”. Dos perto de 150 mil testes à Covid, 9000 foram a profissionais.

Militares fizeram mais de 179 mil inquéritos

Nos últimos dias não lhe têm chegado relatos “de contactos de risco que não foram contactados”, mas isso não significa que a pressão tenha passado, alerta Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública. “Basta ver as estimativas que apresentamos com a Associação dos Administradores Hospitalares. Só para inquérito e primeiro contacto seriam precisos mais de 2000 rastreadores”, lembra, salientando que “é preciso ter pessoas formadas e com equipamento para escalar a resposta quando necessário”.

O país tem 1121 rastreadores e havia, no final da semana passada, cerca de 4200 inquéritos em atraso. “Os processos colaborativos e outros expeditos [emails enviados aos casos positivos, pedindo informação sobre o estado de saúde e de contactos de risco] são soluções complementares, mas não são inquéritos. Um inquérito implica uma avaliação de risco e para isso é preciso falar com a pessoa”, aponta. A Administração Regional de Saúde do Norte diz, à semelhança de outras, que “têm profissionais em número suficiente para a realização dos inquéritos”. Realizam cada um entre 10 a 15 inquéritos por período normal de trabalho”. Neste caso, não há inquéritos por iniciar.

O apoio dos militares também sido importante. Os 803 actualmente a fazer rastreios estão divididos por 43 equipas em apoio das Administrações Regionais de Saúde do Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo e Alentejo, bem como dos Açores e Madeira. A contabilidade do Chefe de Estado Maior das Forças Armadas revela que foram feitos, desde Novembro, 179.435 inquéritos num total de 320.017 contactos em acções de rastreio do SNS. Com Nuno Ribeiro

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