Economia do Reino Unido tem a maior queda dos últimos 300 anos

Contracção de 9,9% registada em 2020 superou recessão do pós-Primeira Guerra e foi a maior desde a “Grande Geada” de 1709.

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O Banco de Inglaterra prevê que consumidores libertem cerca de 250 mil milhões de libras em poupanças Simon Dawson

O Reino Unido registou em 2020, ano do início da pandemia de covid-19, uma contracção histórica de 9,9%. Foi a maior queda do Produto Interno Bruto (PIB) em mais de 300 anos. Para encontrar uma retracção maior do que a estimada nesta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) britânico é preciso recuar a 1709, ano da “Grande Geada”, refere a imprensa britânica.

A queda no ano do “Grande Confinamento” (uma expressão cunhada pelo FMI para falar da forma como os países tiveram de lidar com a propagação do novo coronavírus) foi a maior desde aí, superando a contracção de 9,7% de 1921, no pós-Primeira Guerra Mundial (1914-1918), refere o Financial Times.

Apesar do desempenho negativo do conjunto do ano, a economia cresceu mais do que o esperado no quarto trimestre – até que, em Dezembro, Londres teve de adoptar novas medidas para travar a escalada da nova variante do SARS-CoV-2 identificada no Sudeste de Inglaterra.

O instituto estatístico britânico estima que o PIB cresceu 1% de Outubro a Dezembro do ano passado em relação aos três meses anteriores. A economia recuou 2,9% no primeiro trimestre de 2020 em relação aos últimos três meses de 2019 e, com a escalada da situação epidemiológica, seguiu-se uma nova queda em cadeia de 19% de Abril a Junho. O terceiro trimestre foi de recuperação, com a economia a crescer 16,1% em relação a esses três meses de forte contracção. E, nos últimos três meses de 2020, ainda se registou um novo crescimento em cadeia.

No entanto, o desempenho económico desse mesmo trimestre continuou a ser negativo em relação ao quarto trimestre de 2019. O PIB no Reino Unido está 7,8% abaixo do nível registado nessa altura, diz o INE.

No quarto trimestre registou-se um aumento dos serviços, produção e construção, e uma recuperação do consumo público e do investimento das empresas, mesmo que estes indicadores continuem abaixo dos níveis anteriores à pandemia, refere o instituto estatístico.

Além de o país enfrentar a situação pandémica como o resto do mundo, a entrada em 2021 marcou a saída do Reino Unido do mercado único e da união aduaneira, com o fim do período de transição da saída do Estado da União Europeia, da qual deixou de fazer parte a 31 de Janeiro de 2020.

O ministro das Finanças, Rishi Sunak, reagiu na televisão dizendo que “a economia sofreu um choque sério em consequência da pandemia, sentida pelos países do mundo inteiro” e destacou a “resiliência” do país na recta final do ano. Mas reconheceu que as dificuldades sociais persistem. “Muitas famílias e empresas estão a passar por dificuldades. Por isso pusemos em marcha um abrangente Plano para o Emprego e iremos apresentar a próxima fase da nossa resposta económica no nosso orçamento no início de Março [dia 3]”, disse.

O Banco de Inglaterra prevê que as poupanças das famílias durante o período do confinamento acabem por chegar entretanto à economia. Segundo a agência financeira Bloomberg, o economista-chefe do banco central, Andy Haldane, prevê que os consumidores libertem cerca de 250 mil milhões de libras (285 mil milhões de euros ao câmbio actual) acumulados enquanto a economia estava abafada pelas medidas de restrição.

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