O sexto Janeiro mais quente no mundo foi “muito frio” em Portugal

As três primeiras semanas de Janeiro foram “extremamente frias” em Portugal e o dia 9 foi o mais frio. À semelhança do que aconteceu por cá, a Sibéria registou temperaturas “muito abaixo da média” no último mês – mas, a nível global, foi dos mais quentes desde que há registos.

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A temperatura mais baixa registada em Portugal em Janeiro de 2021 foi de -8,7ºC Nelson Garrido

O mês passado foi o sexto Janeiro mais quente desde que há registos a nível global – mas, em Portugal continental, foi “muito frio e seco” e, aliás, o quarto Janeiro mais frio dos últimos 20 anos, revela o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) nesta quarta-feira.

A temperatura média do ar em Portugal foi de 8,02 graus Celsius neste mês; o valor médio mais baixo registado nos últimos 20 anos aconteceu em Janeiro de 2006 (7,65 graus Celsius).

“As três primeiras semanas de Janeiro foram extremamente frias, com valores da temperatura máxima e mínima do ar muito inferiores ao valor da normal climatológica 1971-2000”, lê-se no boletim climatológico do IPMA referente ao mês passado. Em média, foram registados 12,31 graus Celsius de temperatura máxima e uma média de 3,73ºC de temperatura mínima. A partir do dia 20, houve uma subida “acentuada” da temperatura, para valores acima do normal.

O tempo frio sentido em Janeiro “foi caracterizado pelo seu carácter prolongado (mais de três semanas), a persistência de vários dias consecutivos com temperaturas negativas, em particular no interior norte e centro, o desconforto térmico associado às baixas temperaturas (nalguns dias potenciado pela intensidade do vento) e a abrangência territorial”, refere o IPMA. Estes indicadores não contam só para as estatísticas, já que também têm “possíveis impactos na população, em particular na saúde”. Por causa das baixas temperaturas, o consumo de electricidade em Janeiro bateu o recorde diário de 11 anos e o de gás natural ultrapassou o máximo de 2017.

A temperatura mais baixa registada em Portugal em Janeiro de 2021 foi de -8,7 graus Celsius, em Miranda do Douro, no dia 11. Já Alcoutim registou a temperatura mais alta: 22,4ºC, no dia 28. Foi em Cabril que mais choveu num só dia (20 de Janeiro, 87,6 milímetros) e a Guarda registou a maior rajada de vento: 125,6 quilómetros à hora, no dia 23 de Janeiro.

À semelhança do que aconteceu em Portugal, a Sibéria registou temperaturas “muito abaixo da média”. Já na América do Norte, Gronelândia e sobre o oceano Árctico, “as temperaturas estiveram muito acima da média”.

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A explicação para Janeiro ter sido mais frio em Portugal quando, no resto do mundo, se registaram temperaturas mais quentes do que o habitual está relacionada com “uma situação de bloqueio da corrente de Oeste” que causou o transporte “de uma massa de ar polar para a Península Ibérica”. “Além disso, houve a passagem de ondulações e sistemas frontais, o transporte de uma massa de ar muito seco e frio do interior da Península e a acção anticiclónica associada a uma massa de ar tropical húmido”, explica o IPMA. No ano passado, o primeiro mês de 2020 fora considerado o Janeiro mais quente desde que há registos climáticos (há mais de 140 anos).

Durante o mês de Janeiro, o dia 9 de Janeiro foi o mais frio deste período, com 2,98ºC de temperatura média em todo o território português – com os dias 5, 6 e 8 a registarem também valores de temperaturas abaixo da média, inferiores a 4ºC.

Até dia 20 de Janeiro não choveu em quase todo o território e “os valores mais significativos de precipitação verificaram-se no período de 20 a 31 de Janeiro” – o valor médio de precipitação em Janeiro corresponde a 77% do valor normal de 1971-2000, escreve o IPMA. Os arquipélagos da Madeira e dos Açores tiveram valores de precipitação acima do valor médio, assim como a região Noroeste de Portugal continental. No resto do país, “os valores foram inferiores ao valor normal”. Alguns locais do Baixo Alentejo e Algarve passaram até para a categoria de “seca fraca” devido aos baixos valores de precipitação nessas zonas, quando em Dezembro de 2020 estavam num nível “normal”.

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