Pais, lembrem-se destas palavras: rotina, calma e faço o que posso

Em tempos ditos “normais”, já muitos pais perderam a cabeça com lutas intermináveis à volta dos TPC, agora a situação é bastante mais complexa e vale a pena tentar organizar a família e pensar numa solução de compromisso para todos.

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"Definam prioridades e metas realistas a atingir, para pais e filhos" @petercalheiros

Depois de 15 dias de interrupção lectiva para o Governo reorganizar a entrega dos kits informáticos, lá vamos nós para o ensino remoto novamente. Para os pais que estão em teletrabalho, não resta outra opção a não ser arregaçar as mangas e encontrar um equilíbrio entre a sua obrigação de manter o seu trabalho à distância e dar a atenção de que o seu filho ou filhos necessitam. Esta não é uma tarefa simples e nem sequer possível para todas as famílias, porque muitos pais não têm sequer condições de ajudar as crianças a acompanharem as aulas em vídeo nem de as ensinar.

Em tempos ditos “normais”, já muitos pais perderam a cabeça com lutas intermináveis à volta dos TPC, agora a situação é bastante mais complexa e vale a pena tentar organizar a família e pensar numa solução de compromisso para todos. Pais, unam-se para que o ensino à distância resulte e responsabilizem a criança em tudo o que ela puder fazer sem o seu apoio directo.

Há que ter uma atitude positiva, porque uma coisa é certa: se só olharmos para o que pode correr mal, podemos abrir as portas para o desânimo, e não só não fazemos o nosso trabalho, como também não ajudamos os nossos filhos. E, sim, haverá dias que parecem que nunca mais acabam porque tudo vai correr mesmo mal! Aceite este facto e tente novamente no dia seguinte.

Ficam aqui algumas ideias que podem ajudar os pais de crianças até os 12 anos a reduzirem a tensão neste momento:

  • Procurem pensar, envolvendo a criança, no que correu bem e mal da primeira vez, em Março de 2020, e explorem soluções alternativas. Se não houver, não desesperem, façam o vosso melhor.
  • Definam prioridades e metas realistas a atingir, para pais e filhos. Aceitem que não vão conseguir fazer tudo, nem, muitas vezes, à hora planeada.
  • Conversem com os filhos sobre o ensino à distância e expliquem que simultaneamente, tanto os pais como os filhos, estarão a assistir a aulas ou reuniões pelo computador e, por isso, é preciso respeitar os espaços uns dos outros. Mostrem que esta não é a situação ideal, mas a possível, e que todos devem colaborar.
  • Em família, façam um plano simples: comecem por ter uma visão geral da semana e façam um horário onde poderão visualizar a semana toda. Incluam as aulas, as pausas previstas (almoço, lanche, descanso, lazer, etc.), os tempos de estudo individual (que são essenciais para a autonomia da criança) e um momento em que os pais irão verificar o que os filhos fizeram e tirar dúvidas. Pendurem o plano à vista de toda a família e de manhã leiam as tarefas de cada um para relembrar. As crianças sentem-se mais seguras e colaboram mais se souberem o que é esperado delas.
  • Sejam consistentes e persistentes nas regras e no cumprimento do plano diário. A vossa atitude perante os vossos filhos não deve ser autoritária, mas sim, orientadora, isto ditará metade do sucesso do plano.
  • Organizem um espaço individual para cada criança e assegurem-se de que os demais o respeitam. Se tiver de ser na mesma divisão da casa, que seja de costas voltadas para o outro, no caso dos irmãos que não conseguem deixar de se provocar mutuamente. Cada criança deve sentir aquele espaço como seu durante estes tempos. Para evitar distracções, deixe em cima da mesa apenas o estojo e os materiais que precisam para a actividade que irão fazer.
  • Aceitem que os vossos filhos irão interrompê-los mais vezes do que gostariam. Isto acontece porque algumas crianças não têm maturidade para estarem muito tempo sem o controlo externo do adulto. Procurem ser, ao mesmo tempo, suaves e firmes ao falar com a criança, ou seja, se ela estiver sempre a interromper o vosso trabalho ou a brincar, ao invés de estar atenta à aula, digam de forma firme e olhos nos olhos, sem gritar, que ela tem de fazer a sua tarefa. Reforcem a sua conquista no fim do dia, mesmo que tenha feito pouco.
  • Parcelem as actividades mais longas em pequenas tarefas e alternem entre tarefas mais fáceis e mais difíceis para motivar a criança a continuar.
  • Há crianças que agora estão mais capazes de assistir às aulas autonomamente, aproveitem para as deixar durante algum tempo sozinhas e vão vigiando ao longe.
  • Combinem com as crianças o que elas devem fazer e preparem-nas para os momentos em que o pai ou a mãe não poderão responder no imediato.
  • Se possível, alternem a atenção a dar à criança (um dia para o pai e outro para a mãe), de modo a não sobrecarregar uma só pessoa. Expliquem os dias que cabem ao pai ou à mãe aos vossos filhos de modo que eles saibam a quem recorrer naquele dia. Aproveitem o dia em que não têm de ajudar a criança para progredirem no vosso trabalho.
  • Quando começarem a ficar irritados, saiam de perto da criança e evitem gritar ou dar respostas agressivas.
  • Se estiverem zangados, não tentem resolver problemas, acalmem-se primeiro. Procurem respirar fundo e relaxar (conte até quatro lentamente ao inspirar e expire devagar pela boca). Consulte uma opção de respiração aqui.
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