Homossexuais impedidos de doar sangue apesar de lei o permitir: “Nesse dia deixei de salvar uma vida”

Apesar de a lei e a Direcção-Geral da Saúde não fazerem qualquer referência à orientação sexual na eligibilidade para doar sangue, o preconceito e a confusão dos profissionais na triagem ainda bloqueiam a possibilidade de centenas de pessoas serem doadoras, mesmo quando os níveis de sangue são preocupantes. ILGA diz que situação já tem “anos”. PAN, BE e JS querem respostas.

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No último mês, as reservas de sangue em Portugal caíram para valores preocupantes e houve um apelo à população Rui Gaudencio

Uma das primeiras vezes em que Francisco (nome fictício) disse a alguém que é bissexual foi quando quis doar sangue. Quando soube que haveria uma recolha de sangue na sua faculdade, nunca pensou que a sua orientação sexual fosse impedimento. “Lembro-me que foi a primeira vez que disse a um estranho que também tinha sexo com homens. Pensei: ‘Porque não?’ Mas disseram-me que não podia dar sangue porque tinha tido parceiros sexuais nos últimos meses. E não importava que tivesse sido sexo seguro”, conta Francisco ao PÚBLICO. “Antes disso, já tinha doado sangue e não tinha existido nenhum problema porque não tinha ainda iniciado a minha vida sexual”, explica. “Desde esse dia, não voltei a tentar”, resume Francisco, hoje com 30 anos.

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