Usar uma máscara de tecido é seguro? Devo usar duas máscaras?

Alguns países europeus estão a desaconselhar o uso de máscaras comunitárias em locais fechados e a recomendar que se usem máscaras cirúrgicas ou FFP2. Por cá, não há orientações neste sentido – mas os especialistas defendem que não se devem usar máscaras feitas em casa. Deve optar-se por máscaras cirúrgicas ou de tecido, desde que sejam certificadas e cubram eficazmente o nariz e a boca.

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FREEPIK

O que é uma máscara social ou comunitária?

As máscaras sociais ou máscaras comunitárias são feitas a partir de tecido e podem ser usadas pelos cidadãos no dia-a-dia, mas não em contexto médico. Por norma, a taxa de filtração destas máscaras é menor do que a das máscaras cirúrgicas – ainda que no caso das máscaras têxteis certificadas de nível 2 a taxa de filtração seja superior a 90%, mesmo após várias lavagens. Existem três níveis: além das máscaras de nível 2, para uso profissional, existem as de nível 3, que têm um desempenho mínimo de filtração de 70%, para uso geral; as de nível 1 são as destinadas aos profissionais de saúde.

Para o Centro Europeu para Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), uma máscara comunitária “deve ser construída com múltiplas camadas – duas a três – de material” e respeitar a “norma europeia para a criação de máscaras não médicas”.

Que países proibiram o uso de máscaras comunitárias? Porquê?

Alguns países como a Alemanha, Áustria e França anunciaram que as máscaras comunitárias não devem ser utilizadas em locais com grande concentração de pessoas.

Na Alemanha é obrigatória a utilização de máscaras cirúrgicas em detrimento das de tecido em transportes públicos, lojas e locais de trabalho. Na Áustria, as autoridades proibiram o uso de máscaras sociais e tornaram obrigatório o uso de máscaras FFP2 em pessoas com mais de 14 anos nos transportes públicos, lojas ou farmácias.

Em França, trata-se de uma recomendação: o ministro da Saúde francês, Olivier Véran, recomendou que se usem máscaras que tenham uma taxa de filtração superior a 90% em locais públicos, já que protegem mais do que as de pano simples feitas em casa. O uso de máscara era já obrigatório em locais públicos – tal como acontece em Portugal –, mas a medida referia-se a qualquer tipo de máscara. “A recomendação que faço aos cidadãos franceses é que não usem mais máscaras de tecido [feitas em casa]” , disse o ministro ao canal TF1. Espanha está também a equacionar a medida e o Reino Unido rejeita a imposição.

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Uma pessoa com máscara comunitária em Paris, França IAN LANGSDON/EPA

“É muito difícil não concordar com esta medida, porque se baseia naquilo que conhecemos e naquilo que é eficaz”, diz ao PÚBLICO o pneumologista José Alves. Isto em relação às máscaras artesanais, diz, já que “as que são certificadas e têm prensa nasal são diferentes”.

Para o especialista em saúde pública internacional Tiago Correia esta “não é uma medida extrema” – “revela a dificuldade que estamos a ter de conter os vírus através das máscaras”. “Não sabemos ao certo se [o aumento de casos] é um problema das máscaras que são usadas, se é da não-utilização da máscara, se é da utilização incorrecta da máscara. Perante esta dúvida, a única opção que resta é tomar a decisão mais prudente, que é aumentar a segurança das máscaras”, explica. “Regulamentar as máscaras faz sentido não só por causa das novas variantes, faz sentido desde o início.”

Já o director-geral do ​Centro Tecnológico das Indústrias do Têxtil e do Vestuário (Citeve), Braz Costa, diz que os países que equacionaram o uso obrigatório das FFP2 “foram relativamente descuidados” em relação à regulamentação e ao controlo de qualidade das máscaras comunitárias. “Neste momento de aperto, acabam por tomar a decisão mais fácil, que é pôr toda a gente com uma FFP2”, criticou.

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Máscaras FFP2 Pascal Rossignol/REUTERS

Posso usar máscara comunitária em Portugal?

Sim. A Direcção-Geral da Saúde (DGS) diz que a possibilidade de desaconselhar o seu uso está “em análise”. A mesma entidade refere que estuda “as actuais recomendações relativas às medidas não farmacológicas de prevenção e controlo de infecção (como, por exemplo, a utilização de máscaras) à luz da última evidência”.

“Apesar de haver alguns países que estão a ajustar as suas orientações, organismos internacionais como a OMS e o ECDC ainda não fizeram alterações às últimas recomendações”, diz fonte do gabinete de comunicação da DGS ao PÚBLICO. Quaisquer possíveis alterações serão comunicadas. A ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou que “não há ainda recomendações adicionais” e que estão “atentos”. “Logo que haja alguma informação que coloque alguma necessidade de adaptação, fá-lo-emos”, garantiu.

O ECDC anunciou estar a preparar orientações sobre a utilização de máscaras faciais comunitárias contra a covid-19. Ainda assim, a entidade europeia vinca que a sua posição sobre as máscaras faciais ainda “não mudou” e que “continuam a ser válidas” as recomendações feitas no início da pandemia, que admitem máscaras comunitárias feitas com “múltiplas camadas” de tecido.

O director-geral do Citeve – uma das entidades responsáveis pela certificação de máscaras em Portugal – pediu “sensatez” às autoridades de saúde portuguesas, sublinhando que há soluções têxteis para conferir às máscaras sociais um maior nível de protecção. “Haja sensatez, em vez de se impor, de uma forma quadrada, o uso de máscaras FFP2, que têm vários problemas. Há soluções têxteis que podem conferir às máscaras sociais um muito maior nível de protecção. Já estamos a trabalhar, a pensar nisso. Se for preciso dar mais um salto, dá-lo-emos”, enfatizou. Disse ainda que essa será “mais uma oportunidade” para o sector têxtil. As máscaras FFP2 são também mais caras.

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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, usaram máscaras FFP2 (também conhecidas como “bico de pato”) durante a visita ao Hospital das Forças Armadas na terça-feira, 26 de Janeiro. Os dois governantes costumam usar máscaras cirúrgicas ou de tecido Daniel Rocha

Em Dezembro, a OMS recomendava que fosse dada primazia a máscaras cirúrgicas em casos de pessoas com suspeita de estarem infectadas, com teste positivo ou que aguardassem o resultado de um teste à covid-19. Em todos os outros casos, era recomendado o uso de máscaras não cirúrgicas para o público em geral.

Devo optar por uma máscara certificada?

Sim. A DGS refere que a alternativa à máscara cirúrgica é a “máscara comunitária certificada”. “Deve garantir que a sua máscara é eficaz, para isso deve ser certificada”, alerta-se no site do Ministério da Saúde. Em Portugal, grande parte da certificação de máscaras é feita pelo Centro Tecnológico das Indústrias do Têxtil e do Vestuário, mas pode também ser feita por laboratórios, como o Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ) e o Equilibrium. A autoridade que fiscaliza estes equipamentos é a ASAE.

“Não se pode agora criar um estigma em relação às máscaras de tecido. O problema é se as máscaras estão regulamentadas e se são certificadas”, defende o professor universitário Tiago Correia, também investigador do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa (IHMT.

E se for uma máscara feita em casa?

Numa altura em que há milhares de casos de infecção por SARS-CoV-2, deve optar-se por máscaras têxteis certificadas ou cirúrgicas. As máscaras feitas em casa só com tecido tendem a proteger menos do que as têxteis que estejam certificadas e do que aquelas usadas em contexto médico.

“É sempre melhor do que não ter nada, mas é muito insuficiente, sobretudo em ambientes fechados. Imagine que vamos num autocarro, com toda a gente a respirar em cima de toda a gente; se tivermos máscaras cirúrgicas, começa a ser suficiente; se tivermos máscaras comunitárias, pode não ser”, explica o pneumologista José Alves, presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão. Deve optar-se por máscaras cirúrgicas “como usa o Presidente da República” ou máscaras certificadas que tenham uma prensa nasal, “que têm um efeito de retenção do ar expirado muito maior”.“Estarmos a confundir máscaras têxteis com máscaras caseiras não certificadas é um erro enorme”, disse ao Observador o presidente da Associação Têxtil e Vestuário, Mário Jorge Machado.

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Máscaras cirúrgicas PAULO PIMENTA

Acho que é crítico que as pessoas deixem de usar as máscaras feitas em casa – é mesmo muito relevante”, acredita o investigador Tiago Correia, argumentando que isto devia ter sido claro desde início e não agora por causa das novas variantes detectadas no Reino Unido, África do Sul ou Brasil. E é importante “continuar a garantir que as pessoas façam uma utilização correcta da máscara; e que as usem sempre”.

“Não sei qual é a representatividade de máscaras feitas em casa noutros países, mas percebemos que em Portugal foi um movimento imediato que se criou”, diz o especialista. Se tiver mesmo de usar uma máscara caseira, deve ser dada primazia a tecidos hidrofóbicos (que repelem a água) e material TNT (tecido não tecido). As máscaras de algodão devem incluir várias camadas de tecido e, entre essas camadas, deverá ser aplicado um filtro. Tal como as cirúrgicas, não devem ser usadas de forma contínua por mais de quatro horas ou a partir do momento em que fiquem húmidas.

Por não serem sujeitas a qualquer tipo de certificação ou controlo de qualidade, algumas máscaras caseiras “podem não ter a eficácia desejada na prevenção da propagação e inalação de gotículas e da contaminação por microorganismos”, alerta também a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) em comunicado.

Que tipo de máscara devo, então, usar?

A Sociedade Portuguesa de Pneumologia diz que deve ser considerada a “obrigatoriedade de uso de máscaras cirúrgicas” ou máscaras comunitárias certificadas, que “conferem uma protecção comparável” – deixando para trás as máscaras feitas em casa sem certificação. Nos contextos de maior risco (nomeadamente para cuidadores de pessoas infectadas), “deverá ser equacionado o uso de máscaras FFP2”.

Usar duas máscaras ao mesmo tempo protege-me mais?

Há quem tenha optado pela utilização de duas máscaras – uma por cima da outra – para reduzir a probabilidade de infecção, quando se passa muito tempo num local fechado em que não é possível cumprir o distanciamento social. “O que temos de escolher é uma máscara que seja eficaz”, assegura o pneumologista José Alves. “As pessoas sentem-se mais seguras, mas se tivermos uma [FP]P2 bem colocada, a [FP]P1 não está a fazer nada”, explica. O especialista em saúde pública internacional Tiago Correia concorda: “Se as máscaras forem certificadas, não vejo utilidade neste método.”

O uso de duas máscaras pode ser uma alternativa em casos em que uma das máscaras seja feita de tecido fino e a sua eficácia possa estar comprometida. “Ao combinar várias camadas, atingem-se níveis de eficácia mais altos”, afirmou a cientista Linsey Marr ao The New York Times. Uma das maiores desvantagens deste método é a respirabilidade.

Quais as diferenças entre máscaras FFP2 e as comunitárias?

O objectivo do uso de máscara é servir de barreira para as gotículas e aerossóis expelidos, que são uma das principais formas de propagar o coronavírus SARS-CoV-2 (que causa a doença covid-19). São importantes, porque uma pessoa pode estar infectada sem saber ainda (o período de incubação do vírus é longo) ou porque pode ser assintomática. As máscaras sociais e cirúrgicas servem para proteger os outros e não o seu portador – assim, se toda a gente a usar, o risco de contágio será menor na comunidade.

As máscaras comunitárias simples servem de barreira e reduzem o risco de infecção, mas a sua taxa de filtração pode não ser a mais adequada.

As máscaras FFP2 (também conhecidas como N95, KN95 ou P2) têm uma taxa de filtração maior e são, por norma, usadas por profissionais de saúde. “As máscaras FFP2 são utilizadas em ambiente de maior exposição aos agentes patogénicos, nomeadamente em ambiente hospitalar, na execução de procedimentos médicos que implicam maior risco”, explica a Sociedade Portuguesa de Pneumologia. “No actual contexto pandémico, poderão ser consideradas em circunstâncias locais ou ambientes de maior risco de transmissibilidade”, refere a SPP.

“Ao usarmos uma [FP]P1 estamos a garantir que não estamos a infectar outras pessoas. Ao usarmos uma [FP]P2, estamos a ter também algum tipo de prevenção para nós próprios”, resume o pneumologista José Alves. Para contextos médicos em que exista contacto com doentes infectados, podem ser usadas as máscaras FFP3, que têm uma eficácia de filtração de partículas superior a 99%.

Para uso diário, as máscaras FFP2 podem não ser as mais adequadas. Como explicou Braz Costa à Lusa, as FFP2 “são muito boas” ao nível da filtração, mas têm “um conjunto de problemas”. “Têm problemas no campo da respirabilidade, podem ter problemas no campo da acumulação de CO2”, afirmou. Segundo Braz Costa, a maior parte das máscaras FFP2 usadas em Portugal são importadas e o Citeve já testou algumas delas, detectando estes “problemas graves”.

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Máscara FFP3 para uso médico Matthias Rietschel/REUTERS

Além disso, são descartáveis – o que pode fazer com que sejam menos eficazes, se alguém as reutilizar e não as deitar fora depois de usar – e podem ser também mais um factor de poluição, ao contrário das máscaras de tecido. A OMS desencoraja ainda a produção e uso de máscaras com válvula de expiração, porque “contornam a função de filtragem da máscara de tecido” e “ignoram a função de filtração do ar expirado”.

A máscara é suficiente para me proteger? O que posso fazer mais?

A utilização de máscara é “uma medida adicional de protecção”, refere a DGS. Só por si, a máscara pode não ser suficiente para impedir a infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2 – a directora-geral da Saúde, por exemplo, ficou infectada por estar num espaço mal ventilado, ainda que tivesse usado máscara durante toda a reunião de trabalho, onde esteve em contacto com uma pessoa que viria a ter resultado positivo no teste à covid-19.

Além da máscara, deve manter-se o distanciamento social, a etiqueta respiratória (tossir e espirrar sempre para a dobra do braço) e lavar e desinfectar as mãos com frequência. Deve ainda ser garantida a desinfecção regular e ventilação adequada de espaços fechados. Como o país está em confinamento, deve ficar em casa.

Que cuidados se deve ter com as máscaras comunitárias?

As máscaras reutilizáveis devem ser lavadas depois de cada utilização, daí que se recomende que cada pessoa tenha mais do que uma destas máscaras, para poder ir alternando. “Uma máscara deverá ser tratada como uma peça de roupa interior: lavar ao fim de cada utilização”, exemplificava ao PÚBLICO o médico de saúde pública Ricardo Mexia. As máscaras podem ser lavadas na máquina de lavar a uma temperatura de 60ºC, mas também podem ser lavadas à mão, com água e sabão, devendo ficar de molho durante um período de 20 a 30 minutos.

Como acontece com qualquer máscara, deve tapar o nariz e a boca e é importante colocá-la e tirá-la tocando nos ajustes laterais – nunca na superfície da máscara. As máscaras devem ser transportadas numa bolsa própria; depois de a pôr ou tirar, deverá lavar ou desinfectar as mãos. Para quem passe muitas horas com uma máscara de algodão com filtro descartável, será necessário substituir o filtro, já que perde eficácia quando fica húmido.

Em que situações devo usar máscara?

O uso de máscara é obrigatório em espaços fechados (tirando em casa, se estiver com o seu agregado familiar), como comércios, transportes públicos e locais de trabalho e também é obrigatória no exterior sempre que não seja possível salvaguardar o distanciamento social de dois metros.

Estas medidas são aplicáveis a pessoas com mais de dez anos. Só está dispensado dessa obrigação quem apresente atestado médico de incapacidade por se tratar de pessoa com “deficiência cognitiva, do desenvolvimento e perturbações psíquicas” — por exemplo, a comunidade surda-muda tem-se queixado que a máscara impede a percepção correcta da comunicação, uma vez que são usadas também expressões de rosto na língua gestual.

No caso do exercício físico intenso, a OMS diz que os cidadãos podem não usar máscara, já que pode “reduzir a capacidade de respirar confortavelmente”. Nestes casos, é importante “manter o distanciamento físico de pelo menos um metro e garantir uma boa ventilação durante os exercícios, acompanhada pela limpeza e desinfecção adequada do ambiente”.

O abandono do uso de máscaras comunitárias pode levar a falta de máscaras nos hospitais?

O investigador do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa Tiago Correia diz que a utilização alargada destas máscaras médicas pode levar a uma escassez em hospitais, como já tem acontecido com outros equipamentos médicos, devido a uma “procura global”. Já o pneumologista José Alves diz ao PÚBLICO que “há máscaras para toda a gente” e que “não se pode deixar de usar máscara porque vão acabar”.

Uma medida deste género poderá afectar a confiança das pessoas nas máscaras?

“Tem que ver com uma questão de comunicação”, diz o cientista Tiago Correia. “Do mesmo modo que, de início [nos primeiros meses de pandemia], não parecia óbvio a necessidade de utilização de máscara e depois passou a ser óbvio, também pode o conhecimento científico vir ao ponto de recomendar máscaras específicas em função daquilo que se vai conhecendo”, explica. E refere que é normal que as posições das autoridades competentes evoluam, “porque isso reflecte a evolução do conhecimento”.

As empresas portuguesas que produzem máscaras comunitárias podem ser prejudicadas?

Segundo o Dinheiro Vivo, se estas medidas de recomendar máscaras FFP2 se mantiverem e forem alargadas a outros países, poderão pôr em risco 15 a 20 mil empregos na indústria têxtil e do vestuário. A estimativa é feita pelo presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), Mário Jorge Machado, que refere que uma decisão destas não teria “qualquer parecer científico” e arruinaria esta indústria, que tem tido na produção de máscaras a sua bóia de salvação.

“Não faltam máscaras reutilizáveis em Portugal devidamente certificadas, de acordo com a norma EN 14683, ou seja, com as mesmas especificações técnicas dos dispositivos médicos, como as máscaras FFP2, garantindo uma capacidade de filtração acima dos 90%; por isso, não conseguimos entender estas medidas tomadas avulso e sem conhecimento científico”, disse ao Dinheiro Vivo o presidente da Associação do Vestuário (Anivec), César Araújo.

“Tendo nós a tradição têxtil como temos em Portugal, estou muito convencido que haverá forma de os nossos empresários (com a ajuda do conhecimento científico e avaliação laboratorial) fazerem máscaras de tecido que sejam equiparadas às máscaras que agora estão a ser recomendadas”, diz ao PÚBLICO o investigador Tiago Correia. Estas máscaras de tecido “podem ser uma alternativa às descartáveis” e o “Governo português poderia unir esforços para incentivar e ajudar a indústria têxtil a criar máscaras de tecido que tenham uma protecção ainda maior”, diz. “Quando estamos nesta situação de pandemia, temos de rentabilizar os recursos que temos – é uma forma de incentivar a economia portuguesa e tirar partido do conhecimento que temos.”

Em Setembro, o primeiro-ministro, António Costa, pedia aos portugueses que usassem máscaras reutilizáveis fabricadas em Portugal. É três em um, dizia: “Sendo reutilizável, é amiga do ambiente, protege-nos contra a pandemia, mas protege também os empregos daqueles que trabalham nas empresas da indústria têxtil.” E garantia: “Todas nos protegem contra a covid-19, todas protegem a nossa economia e o ambiente.”

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