Educação

Escolas continuam a acompanhar alunos, mesmo que o tempo seja de férias

Professores mantêm contacto com as turmas durante a interrupção lectiva, com sugestões de leitura, exercícios ou episódios da Telescola.

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Daniel Rocha

As duas semanas de suspensão das aulas decididas pelo Governo vão ser descontadas aos dias de férias do ano lectivo, mas os professores não querem que este seja um tempo de paragem para os alunos. Os docentes estão a comunicar com as suas turmas através de plataformas digitais, que tinham começado a usar durante o primeiro confinamento, onde deixam recomendações de leituras, exercícios ou episódios da Telescola. “Não podemos é perder o ritmo”, defende o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE).

Poucas horas depois de o primeiro-ministro ter anunciado a suspensão das actividades lectivas, na quinta-feira, Manuel Pereira reuniu remotamente com os trabalhadores da escola que dirige, em Cinfães. Aos professores, pediu “que não perdessem o contacto com os alunos”. Ainda que não haja aulas, o presidente da ANDE entende que esse acompanhamento é necessário não só para “garantir que os alunos estão efectivamente em casa”, mas também para “ocupá-los de uma forma útil”.

“Parando 15 dias, não se retoma exactamente no mesmo lugar onde se estava”, acrescenta Pereira. O exemplo é seguido por várias escolas com quem o PÚBLICO falou esta segunda-feira. Muitos professores estão a recorrer a plataformas digitais de trabalho colaborativo, como o Microsoft Teams ou o Google Classroom, que no ano passado passaram a fazer parte do dia-a-dia de docentes e alunos, para contactar com as turmas, deixando “recomendações para que possam continuar a estudar”, sintetiza Carlos Alberto Louro, que dirige o agrupamento de escolas de Ponte da Barca.

Há propostas de leituras para as próximas duas semanas ou de exercícios que podem ser resolvidos para consolidar as matérias que estavam a ser aprendidas no momento da paragem, por exemplo. Outros docentes optam por sugerir “materiais pedagógicos disponibilizados pelas editoras” ou até “conteúdos do #EstudoEmCasa”, que este ano lectivo passou também a contar com programas destinados aos estudantes do ensino secundário, elenca João Jaime Pires, director do Liceu Camões, em Lisboa.

O tempo é de “interrupção das actividades lectivas, mas não podemos suspender o apoio aos alunos”, entende Pedro Tildes, director da Escola Secundário du Bocage, em Setúbal. A sua principal preocupação são os alunos que necessitam de medidas educativas adicionais. Os alunos mais novos, do pré-escolar e do 1.º ciclo, são, no entanto, o principal foco de atenção entre os directores.

Também nos colégios privados, que acabaram por recuar na intenção de dar aulas à distância durante as próximas duas semanas, o tempo de paragem vai ser usado para dar apoios aos alunos “à semelhança do que é feito nas outras pausas lectivas”, explica o director executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP), Rodrigo Queiroz e Melo.

Este deve ser um “confinamento activo”, afirma, por seu turno, o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, que deixa também um apelo aos encarregados de educação: “Era bom que, em casa, seguissem os filhos. Eles têm manter as suas rotinas”.

Além do acompanhamento aos alunos, estas semanas vão ser usadas pelos professores para realizar reuniões, à distância, de conselho pedagógico ou de grupo disciplinas, muitas das quais já estavam marcadas antes da decisão de paragem. Para as escolas que funcionam por semestres, em vez de períodos lectivos, estas serão semanas de avaliações. Ainda que as escolas “já estivessem prontas para arrancar com o ensino à distância esta semana”, os próximos dias também servem para “pensar no que aí vem”, defende Pedro Tildes.

Com as aulas suspensas em todos os níveis de ensino até ao dia 5 de Fevereiro, a pergunta que paira neste momento sobre os responsáveis pelas escolas é: o que vai acontecer a seguir? Desde o início do ano que os estabelecimentos de ensino estão preparados para, caso seja necessário, regressarem ao ensino à distância, mas essa é uma solução a que os dirigentes escolares preferiam não ter de voltar. Depois do anúncio do encerramento das escolas, a Direcção-Geral de Estabelecimentos Escolares, enviou aos directores uma comunicação com “instruções e recomendações” para este período. Entre elas, recomendava-se que “tendo as escolas, na preparação do ano lectivo, previsto o funcionamento em regime não presencial, este deve estar preparado para poder ser activado.” O Ministério da Educação anunciou, esta segunda-feira, que o processo de testagem à covid-19 nas escolas prossegue, para alunos e funcionários, em todos os estabelecimentos que continuam abertos para filhos de trabalhadores essenciais no contexto da pandemia.