Ministério Público abre inquérito a morte de doente no hospital de Portalegre

Foi aberto um inquérito pelo MP sobre a morte de um idoso que na segunda-feira esperou três horas numa ambulância, no Hospital de Portalegre, devido à sobrelotação do “circuito covid-19” nas urgências. Confirmou-se posteriormente que não estava infectado com o novo coronavírus.

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O idoso chegou ao hospital com falta de ar e foi triado dentro da ambulância, onde aguardou durante três horas com a pulseira amarela de doente urgente. Andre Rodrigues

O Ministério Público abriu um inquérito sobre a morte de um idoso, de 87 anos, na segunda-feira, no hospital de Portalegre, depois de estar quase três horas numa ambulância, revelou esta quinta-feira a Procuradoria-Geral da República (PGR). Questionada pela agência Lusa através de email, fonte da PGR confirmou “a instauração de inquérito” sobre o caso, o qual se encontra em investigação no Ministério Público de Portalegre.

Também o hospital de Portalegre já anunciou a abertura de um inquérito interno para apurar as circunstâncias da morte do homem, utente de um lar em Cabeço de Vide, no concelho de Fronteira, naquele distrito. A abertura de inquérito na unidade hospitalar foi anunciada à Lusa, na madrugada de terça-feira, pelo presidente do conselho de administração e pelo enfermeiro director da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA), Joaquim Araújo e Jorge Marques, respectivamente.

Os responsáveis indicaram, então, que o idoso foi triado dentro da ambulância que o transportou até ao hospital, na qual esteve, pelo menos, duas horas e 44 minutos, devido à zona dedicada à covid-19 no Serviço de Urgência estar lotada. Segundo as mesmas fontes, o idoso foi inscrito no hospital às 16h29 e triado por um enfermeiro, dentro da ambulância, seis minutos depois, às 16h35. “O doente é totalmente dependente, é trazido [ao hospital] por dispneia [falta de ar] de um lar de Cabeço de Vide, onde há um surto de covid-19, razão pela qual entra no circuito “covid"”, explicaram.

No entanto, de acordo as fontes da ULSNA, o doente não estaria infectado pelo vírus que causa a covid-19, informação que apenas terá sido obtida pela unidade hospitalar após ter sido declarado o óbito.

Na sequência da triagem, foi possível apurar que o doente não estava “dispneico pela saturação baixa [de oxigénio]” e foi-lhe atribuída a pulseira amarela, de doente urgente.

“Na altura em que é triado, o enfermeiro fala com a médica que passa pela ambulância” para “ver o doente, pois, a área dedicada a doentes respiratórios estava lotada, tendo a médica confirmado que o doente estava estabilizado”, disse Jorge Marques.

Às 19h13, uma enfermeira em funções de chefe de equipa foi abordada por um bombeiro, que a informou que o octogenário “estava pior”, tendo o idoso sido assistido, de imediato, na ambulância. Dali, ainda de acordo com as mesmas fontes, foi levado para a sala de reanimação da área dedicada a doentes respiratórios, onde o óbito acabou por ser declarado 17 minutos mais tarde, às 19h30.

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