Com a pandemia, a vida dos bolseiros Camões também ficou mais difícil

Para o corrente ano lectivo, o Instituto Camões disponibilizou 279 bolsas internas para benefício de alunos a estudar nos PALOP e em Timor-Leste.

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Adriano Miranda

Aulas interrompidas e sem ensino à distância, anos lectivos prolongados e abandono escolar foram alguns dos efeitos da pandemia nas bolsas de estudo que o Instituto Camões atribuiu em 2020, a estudantes dos PALOP e Timor-Leste nos seus países.

Questionado pela Lusa, o organismo português referiu que “na maioria dos países existiram impactos significativos, nomeadamente aulas interrompidas durante meses, sem recurso a ensino à distância, anos lectivos prolongados por alguns meses e alunos que desistiram de estudar”.

Em 2020, o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua atribuiu 216 bolsas internas, na sua maioria licenciaturas, mas também do ensino secundário e mestrado.

Em relação às bolsas de estudo externas (licenciatura, mestrado e doutoramento em Portugal), foram atribuídas 194 a alunos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste no mesmo período: 134 licenciaturas, 36 mestrados e 24 doutoramentos.

Segundo o Instituto Camões, “apesar de alguns bolseiros terem justificado resultados escolares menos positivos com a situação da covid-19, não se pode afirmar na generalidade que a pandemia terá tido um impacto significativo nas classificações académicas”. Todavia, o organismo reconhece que os “constrangimentos” resultantes da pandemia “trouxeram, aos novos bolseiros, dificuldades acrescidas ao nível logístico e administrativo, nomeadamente dificuldades na obtenção de documentos locais para apresentação aos concursos ao ensino superior, dificuldades na obtenção de vistos em virtude das restrições no atendimento ao público pelas embaixadas e consulados, dificuldades na realização de voos, dificuldades nas matrículas (apenas por marcação)”, entre outras.

Para o corrente ano lectivo de 2020/2021, este instituto disponibilizou 279 bolsas internas para benefício de alunos a estudar nos PALOP e em Timor-Leste: Angola (40), Cabo Verde (44), Guiné-Bissau (60), Moçambique (35), São Tomé e Príncipe (60) e Timor-Leste (40).

Para o mesmo período, estiveram disponíveis 210 bolsas de licenciatura, mestrado e doutoramento em Portugal para estudantes provenientes de Angola (26), Cabo Verde (36), Guiné-Bissau (33), Moçambique (54), São Tomé (33) e Timor-Leste (24). Foram igualmente beneficiados dois alunos de mestrado do Senegal e dois da Colômbia. Contudo, o número final deverá ser semelhante ao do ano lectivo passado, uma vez que o concurso do Senegal ficou deserto, a Guiné-Bissau não preencheu todas as vagas e alguns bolseiros não tiveram as bolsas de estudo renovadas por incumprimento do regulamento.

As autoridades de Timor-Leste, devido à covid-19, entenderam que não estavam reunidas as condições para proceder à abertura de concurso e posterior envio de estudantes para Portugal e não abriram os concursos de bolsas de estudo.

O Camões atribui ainda anualmente cerca de 50 bolsas no domínio da Defesa, a usufruir nos estabelecimentos de ensino militar em Portugal, e bolsas de ensino superior policial (33 bolseiros nos últimos anos, apenas para bolseiros de Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau).

A pandemia de covid-19 originou alterações nos procedimentos habituais dos concursos para estas bolsas de cooperação, nomeadamente a possibilidade de os documentos digitalizados passarem a ser aceites pelo Ministério do Ensino Superior de Portugal. Segundo o instituto, “foi também acautelado que nenhum bolseiro viajaria para Portugal sem ter previamente assegurado local de residência”.

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