Suspensão de actividade não urgente já libertou mais 70 camas para covid-19 em Lisboa

Os dados foram revelados ao PÚBLICO pelo presidente da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva para a covid-19, João Gouveia.

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Ricardo Lopes

A suspensão da actividade assistencial programada não urgente, determinada quarta-feira por despacho da ministra da Saúde, já teve como efeito a disponibilização de mais 70 camas para doentes covid-19 na região da Grande Lisboa, desde esse dia até este sábado. Os dados foram revelados ao PÚBLICO pelo presidente da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva para a covid-19 (CARNMI), João Gouveia, que é também presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos.

“A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo passou de 198 camas de medicina intensiva antes do despacho [da ministra da Saúde] para 268 abertas no final deste fim-de-semana, após o despacho da ministra, com indicações da CARNMI e muito esforço dos hospitais”, explicou este sábado João Gouveia.

A suspensão da actividade assistencial programada não urgente, que inclui doentes oncológicos, foi uma sugestão da CARNMI como forma de arranjar rapidamente mais camas para doentes covid, bem como libertar profissionais de saúde, como enfermeiros de blocos operatórios e de recobro, anestesistas e alguns cirurgiões, para trabalharem nos cuidados intensivos, onde a pressão tem aumentando drasticamente nos últimos dias, em especial, na região de Lisboa.

Este sábado, atingiu-se um novo recorde de internados em unidades de cuidados intensivos: 638. O número total de internamentos situa-se nos 4653.

Desde o início da pandemia, tem havido um aumento da capacidade de camas de unidades intensivos, que passou, por exemplo, por um investimento de 30 milhões de euros para obras de melhoria de condições (Hospital São João) ou criação de novas camas (Matosinhos e Hospital Fernando Fonseca). Houve ainda um programa vertical para a compra de equipamentos para medicina intensiva no valor de 60 milhões de euros, sublinhou João Gouveia.

Esta semana, em entrevista ao PÚBLICO/Renascença, o presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos alertava para a falta de camas e garantia que há escolhas difíceis que já estão a ser feitas nos hospitais sobre que doentes tratar em primeiro lugar. O médico reconhecia ainda que “o aumento da mortalidade tem a ver com dificuldades de tratamento”​. Este sábado morreram mais 166 pessoas.

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