Pandemia e exploração deixam na mendicidade imigrantes que trabalham nos campos do Alentejo

Há pessoas sem abrigo, outras em casas abandonadas, muitas a pedir ajuda à Cáritas. A antecipação do fim da campanha da azeitona e a pandemia deixaram muitos estrangeiros numa situação aflitiva. Alvo da exploração de empresas de prestação de serviços, há quem se queixe ainda de salários em atraso. “São cada vez mais os que não têm nada para comer”, conta um empresário.

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Feroz Khan veio da Índia e já tem a família consigo em Beja. Trabalhava num restaurante na praia da Comporta onde permaneceu durante dois anos, mas a empresa teve de fechar por ter sido identificado um surto de covid-19. Recorreu ao trabalho agrícola, mas há quatro meses que está sem trabalho. “É um grande problema. Peço aos amigos e à família que me ajudem financeiramente.”

Ano após ano o cenário repete-se. A partir de meados de Setembro, milhares de cidadãos estrangeiros chegam a Beja vindos de cada vez mais longe. Vêm do subcontinente indiano — Nepal, Índia, Paquistão, Bangladesh. Ou da África subsariana — Senegal, Guiné-Bissau, Guiné-Conacri, Gâmbia e Gana. Mas também do Leste europeu — Moldova, Ucrânia, Roménia. E ainda do Brasil. A campanha da azeitona termina, em anos normais, no início de Fevereiro e garante trabalho. Mas este não foi um ano normal. A safra sofreu uma quebra que ronda os 40%. Menos produção, significa uma redução na mão-de-obra necessária, acrescido do encurtamento do tempo da campanha que, desta vez, no final de Dezembro, estava praticamente concluída.

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