Invasão do Capitólio tinha como objectivo “capturar e assassinar” políticos

Nova acusação do Departamento de Justiça norte-americano revela que foi deixada uma mensagem na secretária do vice-presidente dos EUA, Mike Pence: “A justiça vai chegar, é apenas uma questão de tempo.”

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A acusação surge num pedido para a prisão preventiva de Jacob Chansley, o homem que foi fotografado com um capacete com chifres Reuters/Mike Theiler
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A invasão do Capitólio por apoiantes de Trump fez cinco mortos, incluindo um polícia Reuters/Leah Millis

O Departamento de Justiça norte-americano divulgou um relato sinistro da invasão e ocupação do Capitólio por apoiantes de Donald Trump, acusando os atacantes de terem a intenção de “capturar e assassinar” representantes eleitos.

A acusação surge num pedido para a prisão preventiva de Jacob Chansley, do Arizona, o homem que foi fotografado no Capitólio com um capacete de pele e com chifres. Chansley, que é um dos promotores da teoria da conspiração QAnon, sentou-se à secretária do vice-presidente dos EUA, Mike Pence, no Senado.

No documento, escrito por advogados do Departamento de Justiça no estado do Arizona, lê-se que Chansley deixou uma nota dirigida a Pence, com o aviso de que “a justiça vai chegar, é apenas uma questão de tempo”.

“Há fortes indícios, incluindo as palavras e as acções do próprio Chansley no Capitólio, de que a intenção dos atacantes era capturar e assassinar representantes eleitos do Governo dos Estados Unidos”, dizem os procuradores.

Mais de 200 suspeitos

A nova avaliação do Departamento de Justiça norte-americano surge numa altura em que os procuradores começaram a apresentar acusações mais graves contra alguns dos envolvidos, incluindo o bombeiro na reforma Robert Sanford, que foi acusado de agredir um polícia na cabeça, com um extintor; e Peter Stager, acusado de agredir um outro agente com o mastro de uma bandeira.

No caso de Chansley, os procuradores dizem que as acusações “incluem a sua participação activa numa tentativa de insurreição violenta para derrubar o Governo dos Estados Unidos”, e avisam que “a insurreição está ainda em marcha”, a poucos dias da tomada de posse de Joe Biden, a 20 de Janeiro.

O Departamento de Justiça diz também que Chansley é toxicodependente e que sofre de doença mental: “Ele falou abertamente sobre a sua crença de que é um extraterrestre, um ser supremo, e que está na Terra para ascender a outra realidade.”

Até agora, foram apresentadas mais de 80 acusações relacionadas com o motim no Capitólio dos EUA.

Muitas das pessoas acusadas foram facilmente identificadas e detidas pelo FBI – que tem mais de 200 suspeitos –, graças a vídeos e fotografias partilhados nas redes sociais.

Michael Sherwin, o procurador federal interino na capital dos EUA, Washington D.C., disse que nos próximos dias e semanas vão ser anunciadas acusações “muito mais sérias” do que as que foram conhecidas até agora.

Nove dias depois dos acontecimentos de 6 de Janeiro, uma sondagem feita para o Washington Post e o canal ABC, publicada esta sexta-feira, indica que as divisões no eleitorado norte-americano continuam tão profundas como antes, e até cresceram um pouco mais em alguns indicadores devido a uma ainda maior oposição no Partido Democrata ao Presidente dos EUA.

A única ponte entre os dois lados é a condenação generalizada do ataque ao Congresso. A percentagem é maior no eleitorado democrata (98%) e menor no eleitorado republicano (80%), com valores elevados também em outras categorias: 87% (brancos); 93% (hispânicos); 94% (afro-americanos).

Mas os eleitorados voltam a afastar-se quando são questionados sobre quem deve ser apontado como o principal responsável. Ainda que uma pluralidade dos inquiridos aponte o dedo a Trump (45%), só 12% são republicanos e 72% são democratas.

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