Temperaturas vão descer. Próxima semana poderá trazer dias ainda mais frios

Previsões indicam que, na próxima segunda e terça-feira, as temperaturas mínimas poderão atingir valores negativos em quase todo o território de Portugal continental. Porém, não se pode falar ainda em onda de frio.

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NUNO ANDRÉ FERREIRA/LUSA

Prepare-se: as previsões meteorológicas indicam que, de um modo geral, o frio não vai arredar pé tão cedo e os dias mais frios poderão ainda estar para chegar. A culpa é de uma massa de ar frio que vem do interior da Europa e que afecta Portugal continental.

Para esta sexta-feira prevê-se “uma pequena descida dos valores da temperatura máxima, principalmente na região Sul”. Depois, “tirando algumas excepções pontuais”, os valores de temperatura, tanto da mínima como da máxima, não deverão sofrer “grandes alterações” durante o fim-de-semana, começa por explicar ao PÚBLICO Patrícia Gomes, meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Segundo as previsões divulgadas no site do IPMA, nesta sexta-feira a temperatura mínima deverá rondar os -5ºC em Bragança e os 6ºC em Faro. Já as máximas irão variar entre os zero graus na Guarda e os dez graus em Braga, Porto, Aveiro, Lisboa e Faro.

Na noite de domingo para segunda-feira a temperatura mínima deverá descer, o que significa que esta “será uma das noites mais frias dos próximos dias”, acrescenta a meteorologista, destacando que as previsões actuais mostram que “os dias mais frios” serão segunda e terça-feira da próxima semana. “Os valores mais baixos serão nas regiões do interior, em especial do interior de Trás-os-Montes, Beira Alta, a região da Serra da Estrela e alguns locais do interior do Alentejo”, nota Patrícia Gomes. Contudo, nestes dias (11 e 12 de Janeiro) “de um modo geral quase todo o território terá valores baixos de temperatura mínima”, possivelmente negativos. “Nas regiões mais próximas do litoral estamos a falar de -1 ou -2 graus e nas regiões do interior estamos a falar de valores de -6 ou -7 graus e pontualmente, num ou outro local, valores ainda mais baixos”, destaca. Apenas nalguns locais do litoral da região Sul (como o Algarve ou a Costa Vicentina) se esperam valores ligeiramente mais elevados, “mais ainda assim baixos”.

Quanto à temperatura máxima, os valores também não serão muito elevados entre esta sexta-feira e terça-feira da próxima semana: nas regiões do interior Norte e Centro deverão variar entre os quatro e os sete graus e junto ao litoral não deverão ultrapassar os 12 graus.

Os próximos três dias serão também acompanhados de alguma nebulosidade, podendo ainda verificar-se períodos de chuva ou aguaceiros entre sexta-feira e sábado, que irão começar na região Sul, principalmente Baixo Alentejo e Algarve, e gradualmente se estenderão às regiões Norte e Centro. Porém, alerta a meteorologista, “com estes valores tão baixos de temperatura, esta precipitação será sob a forma de neve em alguns locais, principalmente nalgumas zonas do interior”, sendo que no sábado a quota de neve estará acima dos 600 metros de altitude.

No domingo, “esta precipitação já é menos provável”, podendo acontecer contudo especialmente nas regiões do interior Norte e Centro e eventualmente no Alto Alentejo, sob a forma de neve. Por outro lado, a partir do início da próxima semana tudo indica que haverá “tempo frio com céu de um modo geral pouco nublado ou mesmo limpo”.

Massa de ar frio vinda do interior da Europa

Actualmente estamos sob efeito de uma massa de ar frio que vem do interior da Europa, “portanto é um ar mais frio, mais seco e que acaba por afectar o território continental”, refere Patrícia Gomes.

Num comunicado emitido esta quarta-feira pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), é referido que “as previsões meteorológicas apontam para a continuação de tempo frio e seco” e um “acentuado arrefecimento nocturno” e que a partir da madrugada de domingo “prevê-se a substituição gradual de uma massa de ar polar por uma massa de ar com características de ar Árctico, sobre Portugal continental”. Neste sentido, a DGS alerta que “é provável que as baixas temperaturas tenham repercussões sobre a mortalidade nos próximos dias, nomeadamente nas pessoas com 65 ou mais anos” e recomenda uma série de medidas para enfrentar o frio.

Segundo o diário The Washington Post, está a ocorrer uma separação do vórtex polar — a corrente de ventos que mantém o ar frio extremo circunscrito ao Pólo Norte durante o Inverno — devido a um aquecimento estratosférico repentino. O fenómeno faz com que o ar frio se movimente para latitudes mais baixas e que o ar quente seja transportado para as regiões polares, pelo que são esperadas temperaturas mais baixas do que o normal (e até tempestades de neve) na Europa e nos Estados Unidos nas próximas semanas.

Ainda não se pode falar em onda de frio

Portugal continental atravessa, portanto, “um período de tempo frio relativamente longo e que deverá continuar durante mais uns dias”. Porém, a meteorologista do IPMA garante este “não é nenhum fenómeno extraordinário nem inédito”, embora admita tratar-se de “um ar polar com características diferentes daquele que costuma atingir o território”.

Embora estejamos perante uma vaga de frio, não é ainda altura para falar em onda de frio. “Uma onda de frio são, por definição, seis dias consecutivos com valores cinco graus abaixo do que é normal para aquele dia” (de acordo com médias dos últimos 30 anos), explica Patrícia Gomes, destacando que, embora não tenha informação de todas as estações meteorológicas, não se poderá ainda dizer “que irá realmente ocorrer uma onda de frio” e que houve “muitas estações que quebraram já esta noite” este período de seis dias consecutivos de baixas temperaturas.

Segundo a meteorologista, até ao momento “ainda nenhum valor absoluto de Inverno foi atingido”. Embora os valores estejam “ligeiramente abaixo do que é normal para esta época do ano, ainda não chegamos ao ponto” de bater nenhum recorde de temperatura.

Certo é que, segundo as previsões, o frio manter-se-á pelo menos até à próxima terça-feira, 12 de Janeiro. A partir daí, “a configuração sinóptica, que é o que estabelece os padrões do tempo, muda um bocadinho”, pelo que o frio poderá atingir apenas alguns locais e não deverá ser “tão generalizado”. Porém, a meteorologista destaca que há ainda muita incerteza associada às previsões alargadas e que, ainda assim, ao que tudo indica, mesmo que haja uma subida dos termómetros a partir de quarta-feira, “as temperaturas não vão subir muito”. “Estamos a falar de variações relativamente pequenas, mas pode já não ser necessário emitir avisos”, conclui.

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