Na Colonial, o bolo dos reis sabe a vinho Alvarinho

Há 15 anos que A Colonial de Barcelos cria uma edição especial de bolo-rei. E, desta vez, até com sabor ao vinho Alvarinho de Anselmo Mendes, que não poupa nos elogios ao resultado final.

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É o já habitual bolo-rei de autor da pastelaria A Colonial, que desta vez veste o bolo associado à viagem dos reis magos até ao presépio de Belém com os sabores e aromas do vinho Alvarinho. Além da sua veia empreendedora, Francisco Gomes é um chefe pasteleiro ligado às correntes da modernidade e criatividade, que há muito habituou os seus clientes a produtos de requinte e com assinatura.

E se há coisa em que o mentor de A Colonial não facilita é na qualidade distintiva dos produtos que utiliza. Ou seja, contenta-se com o melhor, que no caso dos vinhos Alvarinho costuma ter a assinatura de Anselmo Mendes. E o desafio foi prontamente aceite pelo enólogo, que se mostrou mesmo rendido ao resultado final: “Em Melgaço há a mania de fazer tudo com Alvarinho, mas depois vai-se a provar e a questão é sempre a mesma: afinal, onde é que está o Alvarinho?”, comenta.

No entanto, desta vez o resultado deixa-o como que fascinado. “Aqui nota-se! Quando o Francisco me deu a provar, a frescura parecia de gengibre. A geleia tem frescura, um floral que lembra lúcia-lima, as notas cítricas, acidez limpa. Está cá tudo, traduz o vinho concentrado. Está cá tudo, até a complexidade e o fumado da madeira em que o vinho fermenta e estagia”, destaca Anselmo Mendes, agradavelmente surpreendido com o resultado final.

O vinho é o Muros de Melgaço 2018, um vinho de excelência do qual é necessária quase uma garrafa para preparar cada bolo-rei. “Não pode ser barato”, constata de imediato o enólogo. O preço por quilo deste bolo-rei de Alvarinho é de 16€.

E não é, de facto, pelo preço ou valor comercial que desde há 15 anos Francisco Gomes vem fazendo uma edição especial de bolo-rei a cada período de festas natalícias. À venda apenas aos balcões de A Colonial, em Barcelos, e no Clube Gourmet do El Corte Inglés, em Gaia, a primeira edição esgotou em poucas horas por altura do Natal, tendo o pasteleiro afinado agora outra para a celebração do Dia de Reis.

É em honra da memória do avô, fundador das pastelarias Pérola e A Colonial, que o chefe pasteleiro todos os anos ocupa parte da equipa do seu atelier de pastelaria na confecção de um bolo-rei para cada período natalício. Já teve sabor a rosas, abóbora, cenoura, dióspiro, laranja ou caramelo salgado, mas desta vez é mesmo vinho que lhe preenche as entranhas.

“Foi por tentativas que chegámos à quantidade certa de vinho para atingir a consistência e expressão de sabores que pretendíamos. É uma redução em fogo médio para chegar a uma espécie de gelatina que no fundo é uma geleia mais reduzida”, explica António Barbosa, o pasteleiro-chefe do atelier de Francisco Gomes.

Mas não é só a geleia que faz a diferença. A massa, com dupla fermentação, é uma espécie de brioche que só leva amêndoa para não misturar sabores. No recheio, há também uma mousse de chocolate branco, enquanto a cobertura leva um crumble só com amêndoas.

Neste caso, não há mesmo cerejas no topo do bolo, mas antes um estilizado cacho de uvas, com parra e tudo. É feito em pate cigarrete (claras , açúcar, manteiga e farinha), que bem define a qualidade e finura da pastelaria de A Colonial.

E se a tradição diz que o bolo-rei simboliza os presentes que Gaspar, Belchior e Baltazar levaram ao Menino Jesus, é caso para dizer este ano que os magos são Francisco, António e Anselmo.

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