Hospital de São João quer vacinar dois mil profissionais só num dia, no domingo

A maior parte dos profissionais de saúde do Centro Hospitalar São João, entre 90 a 95%, quer ser vacinado contra a covid-19.

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Nelson Garrido
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Paulo Pimenta

O Centro Hospitalar e Universitário São João é uma das cinco unidades de saúde onde a vacinação contra a covid-19 vai começar no dia 27. O presidente do conselho de administração, Fernando Araújo, prevê que a vacinação de cerca de dois mil profissionais demore 10 horas e fique concluída logo no domingo.

Já têm tudo preparado para começar a vacinar os profissionais de saúde no próximo domingo? Quantos serão vacinados de imediato e quanto tempo demorará a operação? 

A última informação que temos é que o hospital de São João disporá de cerca de 2.280 doses. Estamos a preparar uma operação de elevada complexidade para tentar que no domingo, se as doses chegarem logo ao início da manhã, podermos vacinar no mesmo dia cerca de dois mil profissionais. A estrutura está a ser montada. E três semanas depois faremos a segunda toma.

Há muitos profissionais a dizer que não querem ser vacinados? 
Ao contrário do que era expectável, a maior parte está a dizer que sim. Nos primeiros cálculos, diria que mais de 90%, 95% querem fazer a vacina.

Quando terminará esta primeira fase da operação? 
A ideia é tentar vacinar todos no domingo. Depois de aberto o contentor [em que vêm as doses], o prazo de validade é muito curto e durante a semana temos as actividades normais, seria disruptivo conciliá-las com a vacinação. A operação demorará cerca de 10 horas, estamos a falar de 20 a 30 postos, vamos transformar todo o sector de consultas externas numa vasta área de vacinação.

As farmácias deviam ser envolvidas neste processo? É um erro que isso não esteja a ser feito? 
Penso que serão seguramente englobadas no processo. Temos uma dispersão única, uma enorme capilaridade das farmácias no país, os utentes têm enorme confiança nos farmacêuticos e as farmácias têm experiência na administração de vacinas e em colaborar com o Serviço Nacional de Saúde [SNS]. Mas nesta primeira fase faz sentido serem os serviços de saúde ocupacional a coordenar todo o processo [de vacinação dos profissionais].

Este ano, devido à pandemia, o centro hospitalar teve seguramente um esforço financeiro muito maior. O São João tem o melhor desempenho do seu grupo, com um gasto por doente padrão inferior em 28% ao de Lisboa Central, por exemplo. Este resultado não se deveria reflectir num aumento do financiamento do São João? 
Ao longo dos últimos anos, o nosso centro hospitalar tem conseguido aumentar a eficiência e tirar mais partido dos seus recursos. É pena que o financiamento não acompanhe na mesma proporção a nossa capacidade de limitar gastos e de, graças a isso, poder fazer investimentos. O mérito pela gestão acaba por não ter nenhuma retribuição.

Vão conseguir cumprir o que estava orçamentado para este ano? 
O orçamento anda por volta dos 400 milhões de euros por ano, em 2020 estava previsto um défice de cerca de 30 milhões e esperamos algo de semelhante no final do ano. A gestão foi muito complexa, houve áreas em que gastamos menos, outras em que gastamos muito mais mas houve uma capacidade de ajustamento das várias rubricas para chegar ao final do ano com o que estava contratualizado.

Mas qual foi o valor do esforço financeiro por causa da pandemia?

Gastamos mais entre 15 a 20 milhões de euros, com equipamentos de protecção individual, como máscaras, com ventiladores e monitores, com testes de diagnóstico e com novas contratações e horas extraordinárias.

O que acha do Orçamento do Estado para a saúde no próximo ano? 
O orçamento para a saúde é sempre insuficiente. Mas é mais do que o valor [que está aqui em causa]. Um exemplo: o volume global aumenta mas depois temos que percorrer um caminho enorme de autorizações do Ministério das Finanças para concretizar os investimentos.

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