Redução da actividade económica agravou-se em Novembro

Indicadores de confiança diminuíram em todos os sectores de actividade.

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Os levantamentos e pagamentos em terminais da rede Multibanco diminuíram 12% em Novembro Miguel Manso

Depois de uma recuperação parcial no pós-primeira vaga, a actividade económica voltou a cair em Outubro e agravou essa tendência em Novembro, com uma queda do clima económico e dos indicadores de confiança em todos os sectores de actividade, revela a síntese de conjuntura divulgada nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Os dados económicos já disponíveis relativamente a Novembro apontam para um agravamento do indicador da actividade, que reúne um conjunto de indicadores quantitativos que reflectem a evolução da economia.

As expectativas dos consumidores para os 12 meses seguintes, seja sobre as perspectivas de evolução da situação económica do país, seja pela avaliação que fazem da sua própria situação financeira familiar ou as expectativas de realização de compras importantes, fizeram recuar o indicador de confiança dos consumidores, que tinha estado num nível “relativamente estável” nos cinco meses anteriores.

Nas empresas, o sentimento é idêntico, da construção e obras públicas, do comércio aos serviços, passando pela indústria transformadora.

Na construção e obras públicas, o indicador “diminuiu acentuadamente” por causa das apreciações sobre a carteira de encomendas e as perspectivas de emprego no sector. Foi na promoção imobiliária e construção de edifícios que a queda foi “particularmente expressiva”, embora transversal à engenharia civil e às actividades especializadas de construção, indica o INE.

No comércio, um dos segmentos afectados pelas novas medidas restritivas decididas pelo Governo para controlar a segunda vaga da pandemia de covid-19, o indicador de confiança dos empresários também “diminuiu significativamente, interrompendo o perfil ascendente observado entre Maio e Outubro”. De resto, a descida foi maior no comércio a retalho do que no comércio por grosso.

O valor mínimo do indicador, no entanto, continua a ser o mês de Abril. Para esta trajectória descendente que agora se verificou, diz o instituto estatístico, contribuíram os indicadores sobre o volume das vendas e as perspectivas sobre a actividade das empresas para os três meses seguintes, “tendo as opiniões sobre o volume de stocks contribuído positivamente”.

Quanto aos serviços, onde a quebra também foi “significativa”, contribuíram para isso as apreciações dos empresários sobre “a evolução da carteira de encomendas e, em maior grau, das perspectivas sobre a evolução da procura”. Espectáculos e outras actividades artísticas e desportivas, alojamento e restauração, transportes e armazenagem são os ramos de actividade onde a confiança mais caiu.

Menos consumo de electricidade

Há indicadores complementares que também apontam para uma deterioração da actividade no mês passado: o “montante global de levantamentos nacionais, de pagamentos de serviços e de compras em terminais de pagamento automático na rede multibanco diminuiu 11,8% em Novembro, em termos homólogos, traduzindo um agravamento face ao mês anterior (decréscimo de 6,3%); as vendas de automóveis ligeiros de passageiros caíram 28% em relação a Novembro do ano passado (as vendas de comerciais ligeiros baixaram 1,4% e, em contrapartida, assistiu-se a um crescimento de 17% na comercialização de veículos pesados).

O INE revela ainda que “o consumo médio de electricidade em dia útil registou uma variação homóloga de -3,8% em Novembro, o que compara com taxas de -1,7% e -1,6% [em] Setembro e Outubro, respectivamente”.

O Banco de Portugal sublinhava na semana passava, ao divulgar as suas novas previsões económicas, que a recuperação no terceiro trimestre “foi superior ao antecipado”, embora a evolução da pandemia e a as medidas de contenção tenham levado a uma “revisão em baixa da actividade” nestes três últimos meses do ano. A queda anual da economia deverá ser de 8,1%, podendo seguir-se uma recuperação progressiva a partir da primeira metade do próximo ano, com o Produto Interno Bruto (PIB) de 2021 a crescer 3,9%, segundo as previsões do banco central.

Na Europa, o sentimento económico também está a baixar nesta segunda vaga em que os governos decidiram reforçar as medidas de confinamento e, nalguns casos, decretar o encerramento de algumas lojas para conter a propagação do novo coronavírus.

Nas 19 economias que partilham a moeda única, o indicador “diminuiu significativamente” em Novembro, com uma deterioração da confiança dos consumidores, bem como do indicador de confiança nos sectores do comércio a retalho, serviços e ainda, embora “de forma mais moderada”, na construção e na indústria.

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