“O desafio é purificar o Natal e ao mesmo tempo ajudar a alavancar a economia”

Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa, reflecte sobre o Natal dos católicos e o desafio deixado pelo Papa Francisco

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Rui Gaudencio

O que vai ser diferente este ano no seu Natal? 
Neste Natal há lugares vazios na mesa... Uns que partiram para o Céu. Outros responsavelmente optaram por não alargar o número dos lugares à mesa, como era tradição. O espírito que paira no ar é de ansiedade, incerteza. Mas tudo pode mudar porque o Menino Deus é esperança. Temos lugar no coração para O acolher? Como diz o Papa Francisco, “purifiquemos o Natal” e anunciemos ao mundo: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados!

Que conselhos dá aos católicos sobre como viver este Natal com restrições?
Quando as autoridades nos permitem decidirmos o contexto em que cada família poderá viver o Natal, isso é uma grande responsabilidade para todos. O que posso aconselhar é que evitem a todos o custo criar momentos propícios à propagação do coronavírus. Evitar acrescentar ainda mais dificuldades e sofrimentos aos que já tantos nossos concidadãos viveram ou vivem por causa desta pandemia. 

Este ano, não é possível o gesto tradicional de beijar a figura do Menino Jesus na missa. Como deve ser substituído?
Essa bela tradição este ano não é de todo possível. Cada um poderá manifestar esse gesto com uma vénia, ou outro sinal de adoração que não implique absolutamente qualquer hipótese de toque. 

Qual o presente de Natal que mais gostou de receber? E qual mais gostou de dar? 
Não quero fugir à questão mas confesso que gosto de receber e dar sorrisos. Não há presente maior do que acolher um sorriso.

O Papa disse esta semana esperar que as dificuldades devido ao coronavírus ajudem “a purificar um pouco a forma de viver o Natal, de festejar”. Espera que haja menos consumismo e isso seria um bom sinal? Ou não era especialmente bom porque sem economia a mexer o país mais dificilmente sairá de uma crise económica?
Conciliar essas duas realidades é um desafio que todos temos de acolher. Purificar o Natal e ao mesmo tempo ajudar a alavancar a economia principalmente do pequeno comércio, das micro, pequenas e médias empresas. Dos negócios e empresas familiares. Estou muito, muitíssimo preocupado quando chegarmos ao fim das moratórias. Desde o início da pandemia que estamos entre salvar as vidas ou salvar a economia. A opção pela vida é óbvia. No entanto, não podemos morrer da cura. Peço a cada concidadão que procure conciliar a tradição e a pandemia, a vida e a economia... será fácil ? Não é, mas tem de ser possível. É a minha esperança.

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