Grupos prioritários respondem por SMS se querem ou não ser vacinados contra covid-19

Portugal vai receber menos um milhão de doses de vacinas no primeiro trimestre de 2021 do que estava previsto. Primeiros a vacinar serão profissionais de saúde dos centros hospitalares de São João, no Porto, e de Lisboa Central.

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As pessoas incluídas nos grupos prioritários para a primeira fase da vacinação contra a covid-19 vão ser contactadas por SMS para dizerem se querem ou não ser vacinadas. Se responderem sim, recebem um novo SMS para agendamento com a data, a hora e o local. Mas antes disso, e devido ao número muito limitado de doses para Portugal (9.750) no lote inicial da primeira vacina a ser aprovada — a da Pfizer-BioNTech —, os primeiros a vacinar com a primeira dose, já a partir do próximo dia 27, serão profissionais de saúde dos centros hospitalares de São João (Porto) e de Lisboa Central (que integra o São José e o Curry Cabral). Esta vacinação simbólica marcará o arranque da mega-operação em Portugal ao mesmo tempo que nos outros países da União Europeia.

Estas são algumas das novidades da segunda versão do plano nacional de vacinação contra a covid-19 que esta quinta-feira foi apresentado em Lisboa e que permite perceber que Portugal vai, afinal, ter menos um milhão de doses no primeiro trimestre de 2021 do que estava inicialmente previsto. Serão pouco mais de 2,8 milhões de doses no total. Além do corte já anunciado de 20% no fornecimento das vacinas da Pfizer-BioNTech, a Astrazeneca deverá reduzir em cerca de 60% a quantidade que estava prometida (menos 865 mil doses), de acordo com o documento. Contrariedades que se reflectem no calendário de vacinação dos primeiros grupos prioritários, que vai prolongar-se até Abril, o cenário mais pessimista traçado pelo coordenador da task force responsável pelo plano, na altura em que apresentou a primeira versão da estratégia nacional.

“A informação que temos é que as primeiras vacinas chegarão a Portugal ou dia 24 ou dia 26 de Dezembro e estaremos em condições de iniciar a vacinação. Aliás, o que está combinado em termos europeus é que todos os 27 Estados-membros iniciarão a vacinação de 27 a 29 de Dezembro”, explicou o coordenador do grupo de trabalho, Francisco Ramos. No total, no arranque da operação, em Dezembro e Janeiro, Portugal receberá 312.975 doses da vacina da Pfizer-BioNTech em 62 caixas (destas, quatro são para as regiões autónomas). 

Tendo em conta a incerteza no fornecimento das vacinas, o grupo de trabalho decidiu reservar uma parte para assegurar que todas as pessoas serão inoculadas com a segunda dose no intervalo estipulado de 21 dias. Com os cortes já anunciados nas entregas, só será possível vacinar cerca de um milhão e meio de pessoas até Abril, ainda assim mais do que o total dos primeiros grupos prioritários (950 mil). Destes, 250 mil são funcionários e residentes em lares ou internados em unidades de cuidados continuados, 300 mil são profissionais de saúde, das forças de segurança, das forças armadas e de outros serviços críticos, e os restantes 400 mil são pessoas a partir dos 50 anos com doenças de maior risco associado a covid-19, como insuficiência cardíaca e doença coronária.

Alguns centros de saúde ficam de fora

Com a chega do primeiro grande lote em Janeiro, cerca de 303 mil doses, prevê-se que até ao final desse mês sejam vacinados 21 mil profissionais de saúde que trabalham em áreas mais sensíveis, como unidades de cuidados intensivos, urgências e áreas dedicadas a doentes com covid-19.

De acordo com o calendário agora conhecido, a vacinação vai avançar com maior rapidez no grupo que se pretender proteger em primeiro lugar — e até ao final de Janeiro pretende-se administrar a primeira dose a 118 mil funcionários e pessoas residentes em lares ou internadas em unidades de cuidados continuados A vacinação nos lares é a que vai terminar primeiro, deve estar concluída até meados de Fevereiro e será realizada com equipas móveis que se deslocam aos estabelecimentos, no caso de estes não terem equipas de enfermagem. 

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Quanto à vacinação dos profissionais de saúde, que se prevê esteja concluída ainda antes do final de Março, essa ficará a cargo dos serviços de saúde ocupacional das unidades onde trabalham. Os profissionais das forças de segurança, das forças armadas e da protecção civil só começam a ser vacinados em Fevereiro, estimando-se que o processo fique concluído em Abril.

Por último, as 400 mil pessoas com doenças mais graves terão também que aguardar até meados de Fevereiro pelo arranque da vacinação nos centros de saúde, com conclusão prevista igualmente apenas para Abril.

Em todo o país haverá 733 pontos de vacinação, onde se calcula que possam ser administradas cerca de 40 mil doses por dia. Na primeira fase, segundo foi adiantado no encontro, os centros de saúde mais pequenos e sem meios para cumprir alguns dos requisitos ficam de fora, mas a resposta está sempre garantida, uma vez que os utentes que pertencem a grupos prioritários serão convocados para outro centro de saúde com condições para efectuar a vacinação.

A listagem dos doentes prioritários a vacinar será disponibilizada pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde aos agrupamentos de centros de saúde e vai ser elaborada através do cruzamento de dados de vários sistemas de informação. Os doentes identificados recebem um SMS para “aferição do seu interesse” na vacinação, refere o plano. Se responderem não ou não responderem são enviados para “tratamento manual” nos centros de saúde, se responderem sim, recebem um novo SMS com agendamento de data, hora e local. Para sensibilizar a população para a importância da vacinação será lançada “uma campanha multimeios”.

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