Quatro em cada cinco pessoas estão no local de trabalho habitual

Estudo da Católica revela que um quarto dos inquiridos tem hoje menos rendimento do que antes da pandemia.

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Metade dos inquiridos consideram ser nada provável perderem o emprego em 2021 Nelson Garrido

Quem estava a trabalhar antes da crise, como está agora? Cerca de quatro em cada cinco pessoas continuam a trabalhar no mesmo local, a larga maioria a tempo inteiro. Da primeira para a segunda vaga diminuíram os casos de layoff e de teletrabalho, assistindo-se a uma tendência de regresso à actividade nos locais habituais, revela um inquérito à população realizado pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa (Cesop) para o PÚBLICO e RTP.

Um dos pontos do estudo, realizado entre 4 e 11 de Dezembro, passou por avaliar a situação laboral das pessoas que já estavam a trabalhar antes da pandemia.

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Neste momento, uma larga maioria diz estar a exercer a actividade no local habitual onde se encontrava antes da crise sanitária (82%), ao contrário do que se passava em Abril, em que só 36% dos 1315 inquiridos diziam estar nessa situação. A distribuição entre pessoas em layoff, desemprego, sem actividade e subsídio de assistência à família era, na altura, mais equilibrada do que está hoje.

Ao mesmo tempo, 10% dizem estar em teletrabalho, quando há oito meses eram 23% os que referiam estar a trabalhar a partir de casa. É preciso, no entanto, ter em atenção que as pessoas que responderam a este inquérito em Dezembro não são as mesmas que responderam aos estudos anteriores (em Abril, Maio e Julho).

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O teletrabalho voltou a ser obrigatório em Novembro para os trabalhadores com funções compatíveis com o trabalho à distância, mas, ao contrário do que aconteceu na primeira fase do confinamento, não é uma exigência para todo o território – só é obrigatória nos concelhos de risco elevado, muito elevado e extremo, que variam de 15 em 15 dias.

Um estudo do Banco de Portugal, de Outubro, concluiu que o teletrabalho aumentou durante a pandemia, sobretudo nos cidadãos mais escolarizados e com mais remuneração. Ao longo do segundo semestre chegou a ser utilizado por cerca de metade das empresas, abrangendo 21% dos trabalhadores. Mas foi assimilado de forma desigual, com uma menor utilização pelos trabalhadores menos escolarizados e com remunerações mais baixas, dadas as funções. Uma “dimensão adicional em que a crise pandémica levanta questões de desigualdade”, como sublinharam as autoras, Sónia Cabral e Ana Catarina Pimenta.

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Dificuldade com despesas

A queda a fundo da economia e as implicações salariais da redução do número de horas trabalhadas — associado ao layoff — reflecte-se igualmente na quebra dos rendimentos das famílias.

No inquérito do Cesop, um quarto dos inquiridos (26%) diz que o seu agregado familiar tem hoje menos rendimento do que antes da crise; mas a maioria (69%) responde que tem um nível de rendimento idêntico, havendo 5% que revelam ter um rendimento superior (0,2% disseram não saber ou não responderam ou disseram não saber).

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Entre aqueles que enfrentam uma quebra, a maior franja pertence aos que perderam 66% ou mais do seu nível de rendimento. Ainda assim, os resultados mostram uma tendência de recuperação para a maioria das famílias em relação aos estudos anteriores.

O Cesop perguntou também se, nos últimos 12 meses, as pessoas tiveram dificuldades em pagar determinadas despesas no prazo previsto.

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Para os inquiridos que têm rendas ou prestações de habitação para pagar, 9% disseram ter tido ou ter dificuldades neste momento; nas contas de electricidades, água e gás essa percentagem foi de 10%. No caso das despesas de alimentação, aconteceu com 8%. E entre aqueles que têm despesas de educação houve 6% que revelaram dificuldades nos pagamentos.

E com 2021 à porta e uma pandemia ainda sem fim à vista, que perspectivas têm os trabalhadores em relação à sua situação laboral? O Cesop perguntou aos inquiridos quão provável consideram o cenário de perderem a sua actividade profissional no próximo ano. Metade (51%) afirmam ser nada provável; quase um terço (31%) consideram pouco provável; em contraponto, 11% admitem que é algo provável e 5% muito provável (2% não sabiam ou não responderam).

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À pergunta sobre quão provável é encontrar emprego ou retomar a actividade em 2021, há um equilíbrio entre os que consideram pouco provável (34%) e os que a encaram como algo provável (32%), havendo ainda 15% a indicar que isso não é nada provável e outros 15% a responder que é muito provável (4% não sabiam ou não responderam).

Questionados ainda sobre quando pensam voltar a fazer férias fora de casa, a maioria respondeu esperar que isso aconteça no Verão (54%). Alguns apontaram já para este Natal ou passagem de ano (2%), outros para o Carnaval (2%) ou a Páscoa (8%). Mas há ainda uma percentagem significativa que não pensa fazer férias tão cedo (18%). Outros acreditam que só o farão em 2022 (8%). Há ainda 3% que apontam para o próximo Outono e 5% que pensam que tal só acontecerá daqui a um ano, no Natal de 2021/passagem de ano para 2022.

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