Novo campo de refugiados de Lesbos tem terceira inundação desde o início do Inverno

Governo grego tinha garantido no mês passado que as condições do recinto que substituiu o de Moria, destruído num incêndio, eram adequadas.

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O campo de Moira foi destruído num incêndio ELIAS MARCOU/Reuters

O novo campo para migrantes e refugiados na ilha grega de Lesbos está a revelar-se um pesadelo para os milhares de pessoas que ali vivem, depois de três inundações em poucas semanas. Dois dias seguidos de fortes chuvas durante o último fim-de-semana voltaram a transformar o campo conhecido como “Moria 2.0”, em Kara Tepe,num enorme lamaçal. As tendas, que já estavam em condições críticas depois de outras chuvadas, foram destruídas, diz a agência italiana Ansa.

Duas semanas antes, o ministro grego das Migrações, Notis Mitarakis, tinha visitado o campo para inspeccionar os trabalhos feitos para evitar inundações e mitigar os efeitos das chuvadas de Outubro, que já tinham destruído parte das tendas.

O campo de Kara Tepe foi instalado em Setembro para substituir as anteriores instalações de Moria, que foram destruídas durante um incêndio em Setembro. Moria, um dos campos de refugiados mais repletos da Europa, era já sinónimo de péssimas condições sanitárias e de segurança e a sua nova versão parece ter vindo agudizar ainda mais esta situação.

“É inacreditável que a Europa permita que isto aconteça em solo europeu em 2020. Mais de sete mil pessoas vivem neste campo, muitas das quais crianças, em condições sub-humanas”, disse o director da organização Aegean Boat, Tommy Olsen, que trabalha com os refugiados em Moria.

O Governo grego tinha garantido no final de Novembro que as condições em “Moria 2.0” eram adequadas. Mitarakis visitou o local após as primeiras inundações e afirmou que o campo é “uma instalação limpa, e um local em ordem e segurança”. “Fizemos sondagens e estudos junto das autoridades relevantes para garantir a qualidade do solo e os projectos de protecção contra inundações estão a ser terminados para a protecção durante o Inverno”, acrescentou. As semanas seguintes mostraram tratar-se de uma previsão demasiado optimista.

Os mais de sete mil migrantes em Lesbos terão de permanecer neste campo improvisado pelo menos até Setembro do ano que vem, para quando está prevista a finalização da construção de raiz de um campo.

O Governo grego e a União Europeia fecharam um acordo no mês passado no valor de 121 milhões de euros para a construção de centros de acolhimento e identificação de requerentes de asilo nas ilhas de Samos, Kos e Leros, para onde serão enviados os habitantes de Lesbos. Pela mesma altura também será construído um novo campo na ilha com capacidade para cinco mil pessoas.

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