Ordem dos Enfermeiros quer vacinação nos hospitais ao fim-de-semana e horários alargados nos centros de saúde

Ordem dos Médicos ainda não se pronunciou sobre o plano de vacinação nem sabe se o vai fazer. Já a Ordem dos Enfermeiros diz que é preciso alertar as pessoas, de forma clara, que não se devem dirigir às unidades de saúde mas sim aguardar pelo contacto e agendamento da inoculação.

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Reuters/POOL

Para que a mega-operação de vacinação contra a covid-19 decorra sem sobressaltos e para evitar uma maior sobrecarga dos cuidados de saúde primários, a Ordem dos Enfermeiros (OE) propõe que os horários dos centros de saúde sejam alargados até às 22h e que as áreas das consultas externas dos hospitais sejam usadas nos fins-de-semana.

Na apreciação do plano de vacinação contra a covid-19 que acaba de enviar para o coordenador da task force responsável pela estratégia de imunização, a OE sugere também que nos postos de vacinação haja uma equipa composta por dois enfermeiros, um responsável pela triagem e registo e outro para administrar as vacinas.

São propostas que implicam “uma prévia e clara definição da estratégia de afectação dos profissionais de saúde necessários” e “os termos da sua compensação”, além da inclusão de enfermeiros que trabalham noutras unidades e que se têm vindo a disponibilizar para integrar equipas de vacinação contra a covid-19, sublinha a bastonária na OE, Ana Rita Cavaco, que assina o documento esta sexta-feira divulgado.

Considerando que o plano se adequa à realidade nacional, “acautelando o cumprimento do dever de protecção da saúde pública através do Serviço Nacional de Saúde”, a OE reitera que a vacinação contra a covid-19 deve ficar exclusivamente a cargo dos enfermeiros e defende que é importante clarificar se no grupo dos profissionais dos serviços críticos considerados essenciais — que serão um dos grupos prioritários a vacinar — se incluem os bombeiros. Sugere ainda que se pondere a inclusão dos profissionais de saúde afectos aos serviços prisionais nos grupos prioritários a imunizar.

Para a OE é igualmente fulcral que haja uma campanha de comunicação em larga escala nos órgãos de comunicação social até para alertar, de forma clara, que as pessoas não se devem dirigir às unidades de saúde mas sim aguardar pelo contacto e agendamento da vacinação.

Ordem dos Médicos quer mais dados sobre vacinas

A Ordem nos Médicos ainda não se pronunciou sobre o plano. Questionando a forma como o processo está a decorrer, o bastonário da Ordem dos Médicos assume que os responsáveis da instituição estão ainda a ponderar se vão ou não enviar contributos. “O coordenador da task force convocou-nos para uma conversa e disse-nos que o plano não seria público sem a Ordem se pronunciar antes mas depois apresentou-o sem nos ouvir”, critica Miguel Guimarães.

“Perante este tratamento, vamos decidir se nos pronunciamos ou não sobre o plano”, afirma o bastonário, que sublinha que os médicos que representa estão neste momento mais preocupados com a falta de informação detalhada sobre as diversas vacinas em avaliação do que com a operação de inoculação propriamente dita. “Ainda sabemos pouco sobre as vacinas. Só temos a informação que as empresas, cujas acções hipervalorizaram entretanto, têm divulgado sobre a eficácia das vacinas, mas precisamos de mais informação sobre efeitos secundários, reacções alérgicas, etc. E temos pessoas capacitadas para avaliar os dados”, frisa.

Sem querer “entrar em polémicas” com a OM, o coordenador da task force, Francisco Ramos, nota que o plano de vacinação foi enviado no início desta semana para a OM, assim como para outras ordens profissionais e várias entidades, “para auscultação”, e lembra que falou com Miguel Guimarães no final de Novembro. O que se pretende, diz, é que as ordens sejam responsáveis pela comunicação com os profissionais que representam.

A equipa da task force continua, entretanto, a reunir-se com várias entidades. Sábado será a vez das associações de doentes, depois de esta sexta-feira se ter realizado um encontro de trabalho com a Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP).

Lembrando que “a matriz de arranque da operação de vacinação será feita a partir dos centros de saúde”, o presidente da ANMP, Manuel Machado, garante que, nos locais onde estes não tiverem capacidade de resposta, os municípios estão disponíveis para colaborar no que for necessário, “alocando por exemplo pavilhões desportivos ou espaços de associações”. Além de colaborarem na “componente logística”, os municípios vão colaborar na sensibilização da população para esta operação sem paralelo que é “do interesse nacional”.

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