Sete novas linhas do metro do Porto serão concretizadas em 10 anos

Ministro do Ambiente afirma que linhas previstas no estudo sobre a expansão do metro serão feitas.

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paulo pimenta

Entre velhas aspirações – como a de uma Linha na Boavista – e o estudo de novos corredores, há sete novas linhas de metro e 36 novas estações saídas do estudo mandado elaborar pela Metro do Porto para apoiar a decisão política em matéria de investimento na ferrovia ligeira no Grande Porto. E, esta quarta-feira, o ministro do Ambiente garantiu que este é um “projecto para dez anos, que em dez anos estará concretizado”.

“Já conheço o estudo e conheço-o bem”, disse João Pedro Matos Fernandes à margem da assinatura de um protocolo entre a tutela e o CEiiA, em Matosinhos, quando confrontado pelos jornalistas com o facto de estar agendada para esta quarta-feira a entrega do relatório final da expansão da Metro do Porto, numa cerimónia entretanto cancelada. O trabalho contemplou a análise de procura de onze corredores, entre metro e o designado metro-bus (autocarro em via dedicada, com elevadas prestações de serviço). 

Uma ponte especial

O ministro do Ambiente e Transição Energética recordou que, dos trados propostos, as duas linhas incluídas no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) vão estar concluídas antes do final de 2025, referindo-se ao corredor de metro-bus para a zona ocidental da cidade do Porto e a chamada segunda linha de Vila Nova de Gaia (Santo Ovídio-Devesas-Campo Alegre). “Muitas outras entrarão em obra antes desse ano. Não tenho a mínima dúvida. Mas este é um projecto para dez anos que em dez anos estará concretizado”, insistiu.

Sobre o corredor para a zona ocidental da cidade do Porto, em metro-bus, Matos Fernandes considerou que “é simples de construir” até porque “não tem avaliação de impacto ambiental”, apontando como data do concurso 2021. Já sobre a nova linha para Gaia, com uma nova ponte sobre o Douro, recordou que o concurso de ideias será lançado em Fevereiro e salvaguardou que esta empreitada exige um estudo de impacto.

“A ponte é o elemento chave e mais complexo – entre uma ponte Eiffel [referindo-se à Luís I] e a do Edgar Cardoso [ponte da Arrábida]. Não pode ser uma ponte qualquer. Tem de ser uma ponte que enobreça a frente de rio e as cidades do Porto e de Gaia, mas quero acreditar que há condições para lançar também o concurso para a obra da nova linha para as Devesas”, disse Matos Fernandes.

Duas linhas circulares

O relatório final sobre as novas linhas de metro, mandado elaborar pela Metro do Porto, contempla 11 ligações que se reflectem em sete novas linhas, para além de quatro percursos com potencial para o metro-bus. Em declarações à rádio TSF, o líder da Área Metropolitana do Porto e autarca de Gaia, Eduardo Vítor explicou que está contemplada a Linha da Boavista e um prolongamento da linha Rosa, que está prestes a entrar em obra, para oriente, a partir da Casa da Música, naquilo que será uma circular interna na rede. 

Mas neste trabalho surgem também as conhecidas linhas para a Maia a partir do Hospital de São João – que vinha já dos primeiros planos de expansão da rede –, a ligação entre Matosinhos e este mesmo hospital, por São Mamede de Infesta, e uma segunda linha para Gondomar a partir de Campanhã, passando por Valbom. Como já se vinha admitindo, para a ligação Ismai-Trofa, prolongamento da actual linha da Maia pelo antigo corredor ferroviário, a solução proposta é de metro-bus.

Sobre esta última, o ministro insistiu numa posição já conhecida: “Objectivamente, depois de uma injustiça que foi cometida, não havia procura que justificasse a linha de metro portanto não nos podiam pedir a nós que fizéssemos uma linha de metro onde não há passageiros que a justifiquem, mas justificasse um BRT [o Bus Rapid Transit, outro nome para metro-bus], um sistema em corredor próprio com autocarros eléctricos”, disse, frisando que “a escolha das linhas é da Área Metropolitana do Porto”.

Os valores de investimento não andam longe do que se previa, 1300 milhões de euros. Em declarações à TSF, o presidente da Câmara de Gaia e líder da Área Metropolitana lembrou que parte do investimento já está garantido pelo Plano de Recuperação e Resiliência - que paga a linha para Gaia e o metro-bus no Campo Alegre. O restante deverá, facilmente, encontrar suporte em financiamento europeu – ao contrário do que aconteceu na primeira fase, erguida muito à custa de financiamento bancário cuja factura o país teve de suportar – até porque, como assinala Eduardo Vítor Rodrigues, a descarbonização da mobilidade urbana é um dos aspectos chave do Pacto Verde Europeu. 

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