Espólio de Maria Keil vai ser inventariado e divulgado pela Direcção-Geral do Património Cultural

Ministério da Cultura assinou protocolo com Francisco Keil do Amaral (Pitum) relativo à inventariação, estudo, depósito e exposição da obra da artista.

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Maria Keil Nuono Ferreira Santos

A realização do inventário dos bens culturais que integram o espólio de Maria Keil (1914-2012), a pintora que integrou a geração modernista portuguesa e que foi casada com o arquitecto Francisco Keil do Amaral (1910-1975), é o objecto do protocolo que o Ministério da Cultura (MC) agora assinou com o seu filho, Francisco Keil do Amaral (conhecido por Pitum).

Nos termos deste protocolo, o inventário será complementado com “o estudo, a investigação, a conservação, a interpretação e a exibição do espólio da artista, constituído por cerca de duas mil peças que atravessam toda a sua carreira artística, nas áreas de desenho, pintura, azulejo, ilustração, mobiliário e tapeçaria, bem como documentação de arquivo e correspondência, cujo conhecimento se revela fundamental para preservação e divulgação do património artístico nacional”, diz o MC em comunicado. Um processo que será acompanhado pelo depósito do respectivo espólio “numa instituição museológica nacional da Direcção-Geral do Património Cultural [DGPC]”, acrescenta a nota.

A inventariação e acondicionamento das peças da colecção vão ser feitos por uma equipa técnica designada pela DGPC. Cada uma delas será identificada com “uma ficha informatizada que integrará um conjunto de critérios, desde as denominações/títulos, descrições ou registos fotográficos”, explica o MC.

No final deste processo, o espólio de Maria Keil será depositado “numa instituição museológica nacional da DGPC”, que não é ainda divulgada. Será a partir desse lugar que a obra poderá ser objecto de “investigação, estudo, protecção, conservação, segurança, divulgação, promoção cultural e exibição das peças depositadas, com integral respeito pelos princípios estabelecidos na Lei-Quadro dos Museus”, acrescenta o MC. 

No comunicado, o ministério dirigido por Graça Fonseca realça, como um dos objectivos estratégicos do actual Governo, “conferir às mulheres artistas a visibilidade e o reconhecimento devido pelo seu papel na cultura e história das artes em Portugal”. Daí o comprometimento com a realização de programas de investigação e de exposições itinerantes, com o objectivo de “dar a conhecer a vida e obra de Maria Keil, em articulação com a estratégia para a exibição das obras de arte que integram a Colecção de Arte Contemporânea do Estado”.

A este propósito, Graça Fonseca realça, citada no comunicado, que, “em pleno século XXI, ainda nada está consolidado na igualdade de género”. “É fundamental, por isso, prosseguirmos com iniciativas e programas que invertam, contrariem ou reequilibrarem o histórico apagamento a que as artistas mulheres e as suas produções estiveram desde sempre sujeitas”, acrescenta. 

Como exemplo deste projecto, o MC recorda o protocolo já assinado com a Fundação Calouste Gulbenkian para, no âmbito da próxima Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, no primeiro semestre de 2021, a realização de uma grande exposição com obras de mulheres artistas portuguesas, que será apresentada, na primeira parte do próximo ano, no Bozar, em Bruxelas, seguindo, no segundo semestre, para o Centro de Criação Contemporânea Olivier Debré, na cidade francesa de Tours, neste caso no âmbito da Temporada Cruzada Portugal-França.

Maria Keil foi autora de uma vasta obra nas disciplinas da pintura, desenho e ilustração, tendo também cultivado o design gráfico, o azulejo, a tapeçaria e a cenografia. Em 2013, um ano após a sua morte, o Museu da Presidência da República promoveu uma mostra retrospectiva da sua obra, que foi depois apresentada em várias localidades do país.

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