Covid-19: mutações descobertas do coronavírus não o tornaram mais contagioso

Equipa de Londres analisou genoma de amostras do coronavírus SARS-CoV-2 recolhidas em 46 mil pessoas.

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Coronavírus SARS-CoV-2 NIAID

Nenhuma das mutações descobertas até agora do novo coronavírus que provoca a doença covid-19 o tornam mais contagioso, concluíram investigadores da University College de Londres num estudo que analisou genomas do vírus em 46 mil pessoas.

Até agora, os investigadores identificaram 12.706 mutações no SARS-CoV-2 e viram que 398 delas são repetidas. Dessas, 185 manifestaram-se pelo menos três vezes de forma independente durante os meses da pandemia.

“Descobrimos que nenhuma destas mutações fazem o vírus espalhar-se mais depressa, mas precisamos de continuar a estudar as que ocorrerem, especialmente quando começar a haver vacinas”, afirmou a primeira autora do estudo, Lucy van Dorp, do Instituto de Genética da University College de Londres.

Os investigadores alertam que a introdução de vacinas fará aumentar a pressão sobre o vírus para o tornar mais esquivo ao sistema imunitário humano. Isso poderá levar ao surgimento de mutações que escapam à acção da vacina, o que exigirá identificação rápida dessas mutações e adaptação das vacinas.

Os coronavírus como o SARS-CoV-2, que provoca a covid-19, têm ARN, que podem ter mutações de três formas: por erros de cópia durante a replicação do vírus; por interacções com outros vírus que estão a infectar a mesma célula; ou podem decorrer da acção do sistema imunitário do anfitrião.

A maior parte das mutações é neutra, mas pode acontecer que sejam boas ou más para o vírus, passando para as gerações seguintes de vírus.

Da investigação não saíram provas de que alguma das mutações comuns esteja a aumentar a transmissibilidade do vírus. A maior parte é neutral, salientam, e deve-se à acção do sistema imunitário humano, não indicando que seja o vírus a adaptar-se ao seu anfitrião humano.

Normalmente, um vírus só sofrerá mutações e dividir-se-á em estirpes diferentes quando se tornar mais comum em populações humanas, mas isso não implica necessariamente que as estirpes sejam mais nocivas ou contagiosas.

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