Tiago Cadete conduz-nos por uma História que é (e pode não ser) a nossa

Sábado e domingo, o artista português é o Cicerone de uma visita guiada por Belém, em Lisboa, numa revisitação dos lugares da Exposição do Mundo Português. Uma performance para repensar, 80 anos depois, a glorificação da História portuguesa a partir dos seus símbolos.

Tiago Cadete, o "Cicerone" que quer destapar o passado colonialista dos Jardins de Belém Gonçalo Frota, Teresa Abecasis

Num dos momentos mais simbólicos de Cicerone, Tiago Cadete acerca-se do rio Tejo, ali na vizinhança da Torre de Belém, e lança às águas uma reprodução do monumento edificado no primeiro quartel do século XVI. Uma reprodução imperfeita, feita de torrões de açúcar, daquela torre de defesa. É um movimento que não pretende apelar a qualquer vandalização do património, mas que tem no seu rasto um óbvio desconforto com a glorificação do passado português, relativo ao período dos ditos Descobrimentos, e com a celebração de uma expansão pelo mundo que implicou a escravização, a subjugação e o exercício da violência sobre povos e terras que não pediram para ser “descobertos”. Antes e depois dessa acção, escutamos nos auscultadores distribuídos pelos espectadores de Cicerone (performance integrada no festival Temps d’Images, com sessões sábado e domingo, às 10h00 e às 11h30) a descrição por António Lopes Ribeiro de várias salas da Exposição do Mundo Português, evento propagandístico do regime salazarista que teve lugar em 1940.

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