Festa de Natal da Comunidade Vida e Paz para sem-abrigo será em modo “simples, “reduzido”, “alternativo”

Responsáveis pelo evento têm luz verde das autoridades de saúde para um formato diferente daquele que acontecia há mais de três décadas.

Foto
Festa costumava acontecer na cantina da Cidade Universitária público

Pensada para as pessoas em situação de sem-abrigo, a Festa de Natal da Comunidade Vida e Paz, que durava três dias e acontecia em Lisboa, há mais de três décadas, não se vai este ano realizar. Pelo menos, nos moldes em que se costumava fazer: com concertos, coros, danças, almoços e jantares, em mesas compridas, filas para entrar e milhares de pessoas, entre convidados e voluntários, a passarem pelo espaço. Este ano, em vez de ser na cantina da Cidade Universitária de Lisboa, será nas ruas, incluirá a prestação de alguns serviços de saúde e de cidadania, mas não será igual às 31 edições anteriores, por causa da pandemia provocada pelo SARS-CoV-2.

“Festa, como a que fazíamos, não vai haver, com aquele acolhimento humano, com três almoços e jantares, com espectáculos, isso não vai haver”, diz ao PÚBLICO um dos organizadores, Celestino Cunha. A data não ficará, porém, por assinalar. Depois de ter apresentado uma proposta à secretaria de Estado de Saúde e à Direcção-Geral da Saúde, esta instituição particular de solidariedade social, ligada ao Patriarcado de Lisboa, acordou o modelo a adoptar que prevê que haja equipas a andar pela cidade a fazer marcação de serviços ligados à área da saúde e cidadania, que serão, depois, concretizados em diferentes locais de Lisboa. No dia 24 de Dezembro, as equipas que fazem a habitual volta junto de pessoas em situação de sem-abrigo distribuirão não só uma ceia, como um presente.

“Este ano, num Natal diferente, a Comunidade Vida e Paz não deixará de ir ao encontro das pessoas em situação de sem-abrigo e irá reforçar o seu apoio nos dias 18, 19 e 20 de Dezembro, numa acção que terá lugar em vários locais de Lisboa e na Amadora, onde tem também uma intervenção relevante”, lê-se num comunicado desta sexta-feira, no qual se acrescenta que “as pessoas em situação de sem-abrigo terão acesso a serviços de saúde e cidadania, e a uma refeição (take-away)”.

Os responsáveis pela festa voltam a justificar que, devido à pandemia, foi necessário optar “por um formato alternativo à tão emblemática e já tradicional Festa de Natal com as Pessoas em Situação de Sem-Abrigo (FNPSSA), organizada ininterruptamente desde 1989 e que registaria a sua 32ª edição”.

Já antes tinham anunciado que enveredariam “por um modelo de celebração de Natal muito mais simples e reduzido”. Num comunicado anterior lia-se já que a data seria assinalada junto das pessoas em situação de sem-abrigo, quer pelas “equipas de rua, quer nos Centros Terapêuticos e de Inserção, através da disponibilização de alguns serviços” e “como forma de minimizar o impacto da não-realização da festa”.

No ano passado, de acordo com dados divulgados pela instituição, estiveram envolvidos no evento 1275 voluntários, 1490 convidados, e serviram-se mais de 3500 refeições. Na parte dos serviços prestados, registaram 494 atendimentos, entre vacinações, rastreios, consultas e primeiros socorros. Foram emitidos 39 cartões de cidadão, 638 pessoas foram atendidas no barbeiro e foram distribuídas 4938 peças de roupa. Estiveram envolvidas, por exemplo, entre outras, entidades como a Segurança Social; o Instituto de Registos e Notariado; o Instituto de Emprego e Formação Profissional; a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa; a Faculdade de Direito de Lisboa no apoio jurídico; e a Liga dos Combatentes.

Outra instituição, a Legião da Boa Vontade, por exemplo, também vai fazer voltas por Lisboa e Porto, a 21 de Dezembro, com distribuição de comida. No resto ano, também as faz nestas duas cidades ao fim-de-semana, em Lisboa também às segundas-feiras, nas quais distribuem igualmente bens alimentares e roupa.

Sugerir correcção